16 julho 2007

Dizer 'sim' quando possível

“ A heresia do individualismo: crer-se uma unidade inteiramente auto-suficiente e afirmar essa ‘unidade’ imaginária contra todos os demais: a afirmação do eu apenas como 'não o outro'. O verdadeiro caminho é justamente o oposto: quanto mais eu for capaz de afirmar os outros, dizer-lhes ‘sim’ em mim mesmo, descobrindo-os em mim e a mim mesmo neles, tanto mais real serei. Sou plenamente real se o meu próprio coração disser sim a todos.

Serei melhor católico não se refutar todos os matizes do protestantismo, mas se puder afirmar a verdade que existe nele e ir além.

Assim também em relação aos muçulmanos, aos hindus, aos budistas, etc. Isto não significa sincretismo, indiferentismo, uma atitude amistosa vazia e despreocupada que tudo aceita sem refletir sobre nada. Há muita coisa que não se pode ‘afirmar’ e 'aceitar', mas primeiro é preciso dizer 'sim' ali onde é realmente possível.

Se eu me afirmar como católico apenas negando tudo que é muçulmano, judeu, protestante, hindu, budista, etc., no fim descobrirei que não resta muita coisa para afirmar como católico: e certamente nenhum sopro do Espírito com o qual possa afirmá-lo.”

Conjectures of a Guilty Bystander, de Thomas Merton
(Doubleday, New York), 1966. p. 144
No Brasil: Reflexões de um espectador culpado, (Editora Vozes, Petrópolis), 1970. p. 166
Reflexão da semana de 16-07-2007

Um pensamento para reflexão: “Se eu não tiver unidade em mim, como poderei pensar, e menos ainda em falar, em unidade entre cristãos? Mas é claro que, procurando a unidade para todos os cristãos, consigo também em mim a unidade.
Reflexões de um espectador culpado, Thomas Merton

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