25 dezembro 2006

Votos de Natal de Merton (1965)

“ Espero que estejam bem e felizes e para isso tenho rezado. Desejo a vocês todas as alegrias do Natal e um feliz Ano Novo. Que Deus lhes dê uma fé mais profunda, mais luz, mais força e graça para aceitar Sua vontade com mais paz e clareza. Que tenham maior confiança no Senhor e que Ele nos alegre a todos com Sua luz. Que Deus os abençoe.”

Introductions East and West: The Foreign Prefaces of Thomas Merton
Editado por Robert E. Daggy
(Unicorn Press, Inc. Greensboro) 1981. p. 86
Reflexão da semana de 25-12-2006

18 dezembro 2006

A longa espera

“ O quanto esperamos, com mente quieta como o tempo,
Como sentinelas na torre.
O quanto vigiamos, à noite, como astrônomos.

Céu, quando te ouviremos cantar,
Acima das colinas relvadas,
E dizer: “Fim das trevas, e o Dia
Exulta qual Esposo que sai do tálamo, belo sol,
Sua tenda, o sol; Sua tenda, o sorridente céu!”

O quanto esperamos, com a mente escura como um lago,
Estrelas deslizando para casa na água do nosso ocaso!
Céu, quando te ouviremos cantar?”


How long we wait, with minds as quiet as time,
Like sentries on a tower.
How long we watch, by night, like the astronomers.

Heaven, when will we hear you sing,
Arising from our grassy hills,
And say: “The dark is done, and Day
Laughs like a Bridegroom in His tent, the lovely sun,
His tent the sun, His tent the smiling sky!”?

How long we wait with minds as dim as ponds

While stars swim slowly homeward in the water of our west!
Heaven, when will we hear you sing?

Collected Poems, Thomas Merton.
(New Directions Press, New York) 1977, p. 89-90

Reflexão da semana de 18-12-2006

O pensamento da semana: “A vigilância é uma expressão particular da pureza de coração monástica — a virgindade do espírito ‘própria’ à vida de contemplação. Deixamos tudo para vigiar à noite ‘sobre os muros de Jerusalém’. Esperamos a Parusia com as lâmpadas prontas, como virgens prudentes.”

Tempo e liturgia, Thomas Merton

11 dezembro 2006

Redenção

“ A redenção não é simplesmente um fato histórico passado, com efeito jurídico sobre almas individuais. É uma realidade sempre presente, viva e eficaz, que penetra nas mais íntimas profundezas do nosso ser pela palavra da salvação e o mistério da fé. A redenção é o próprio Cristo ‘que se tornou para nós sabedoria e justiça de Deus, santificação e redenção’ (1Cor 1,30), vivo e partilhando Sua vida divina com Seu eleito. Ser redimido não é apenas ser absolvido da culpa diante de Deus; é também viver em Cristo, renascer pela água e pelo Espírito Santo para ser nele nova criatura, viver no Espírito.

Dizer que a redenção é uma realidade sempre presente é dizer que Cristo se apropriou do tempo e o santificou, dando-lhe caráter sacramental, fazendo dele sinal eficaz de nossa união com Deus nele. Assim, o ‘tempo’ é um meio que torna o fato da redenção presente a todos os homens.”

Seasons of Celebration, de Thomas Merton
(Farrar, Straus and Giroux, New York), 1965. p. 48-49
No Brasil: Tempo e Liturgia, (Editora Vozes, Petrópolis), 1968. p. 52-53
Reflexões da semana de 11-12-2006

Pensamento para a semana: “Jesus tornou esse vaivém de luz e trevas, atividade e repouso, nascimento e morte, o sinal de uma vida superior, vida que vivemos nele, vida que não conhece declínio e dia que não se transforma em trevas.”
Tempo e liturgia, Thomas Merton

10 dezembro 2006

Thomas Merton: 31-01-1915 — 10-12-1968

SENHOR, MEU DEUS, não sei para onde vou. Não vejo o caminho diante de mim. Não posso saber com certeza onde terminará. Nem sequer, em realidade, me conheço, e o fato de pensar que estou seguindo a Tua vontade não significa que, em verdade, o esteja fazendo.

Mas creio que o desejo de Te agradar Te agrada realmente. E espero ter esse desejo em tudo que faço. Espero que jamais farei algo de contrário a esse desejo. E sei que, se assim fizer, Tu me hás de conduzir pelo caminho certo, embora eu nada saiba a esse respeito.

Portanto, sempre hei de confiar em Ti, ainda que me pareça estar perdido e nas sombras da morte. Não hei de temer, pois estás sempre comigo e nunca me abandonarás, para que eu enfrente sozinho os perigos que me cercam.

Na liberdade da solidão, Thomas Merton

04 dezembro 2006

Advento: esperança ou ilusão?

“ A certeza da esperança cristã está além da paixão ou do conhecimento. Assim, devemos por vezes contar que nossa esperança entre em conflito com as trevas, o desespero e a ignorância. Assim também, devemos lembrar-nos de que o otimismo cristão não é uma perpétua sensação de euforia, uma consolação indefectível, em presença das quais não podem existir nem angustias, nem tragédias. Não nos devemos esforçar por manter um clima de otimismo pela mera supressão de realidades trágicas. O otimismo cristão reside numa esperança de vitória que transcende toda tragédia Uma vitória em que passamos além da tragédia para a glória com Cristo crucificado e ressuscitado.
(...)
Mas a Igreja, ao nos preparar para o nascimento de um ‘grande profeta’, um Salvador, um Rei da Paz tem algo mais em mente do que uma simples festa para alegrar. O mistério do Advento focaliza a luz da fé sobre o próprio sentido da vida, da história, do homem, do mundo e de nosso próprio ser. No Advento, celebramos a vinda e, em realidade, a presença de Cristo em nosso mundo. Damos testemunho da sua presença mesmo no meio de todos os seus problemas imperscrutáveis e de suas tragédias. Nossa fé no Advento não é uma fuga do mundo para dentro de uma região nebulosa de ‘slogans’ e consolações que declaram ser nossos problemas irreais e nossas tragédias inexistentes.”

Seasons of Celebration, de Thomas Merton
(Farrar, Straus and Giroux, New York), 1965. p. 88-89
No Brasil: Tempo e Liturgia, (Editora Vozes, Petrópolis), 1968. p. 91-92

Reflexões da semana de 04-12-2006

O pensamento da semana: “Vivemos no reino de Cristo, o novo mundo consagrado a Deus, o reino messiânico, a nova Jerusalém. A história do reino se está desenrolando, mas o mistério da fé, oculto aos sábios deste mundo. (1Cor, 1, 19-21)"
Tempo e liturgia, Thomas Merton