28 julho 2008

Criar nossas próprias vidas

“ Toda vida cristã destina-se a ser ao mesmo tempo profundamente contemplativa e rica em obra ativa. (…) É verdade que somos chamados a criar um mundo melhor. Mas somos chamados, antes de tudo, a uma tarefa mais imediata e elevada: a de criar nossas próprias vidas. Ao fazer isso, agimos como cooperadores de Deus. Assumimos nosso lugar na grande obra do gênero humano, pois, com efeito, a criação de nosso próprio destino em Deus é impossível em puro isolamento. Cada um de nós realiza o seu próprio destino em inseparável união com todos os outros com os quais Deus quis que vivêssemos. Partilhamos uns com os outros a obra criativa de viver no mundo. E é através de nossa luta com a realidade material, com a natureza, que nos ajudamos mutuamente a criar ao mesmo tempo nosso próprio destino e um mundo novo para os nossos descendentes. Essa obra do homem, que é a sua vocação peculiar e inescapável, é um prolongamento da obra criadora do próprio Deus. Deixar de enfrentar esse desafio e cumprir essa responsabilidade criadora é deixar de dar à vida a resposta que nos é solicitada pela vontade de nosso Pai e Criador.”

Love and Living, de Thomas Merton
Editado por Naomi Burton Stone e Patrick Hart, OCSO
(Farrar, Straus and Giroux, New York) 1979, p. 177
No Brasil: Amor e Vida, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2004. p. 186-187
Reflexão da semana de 28-07-2008

Um pensamento para reflexão: “Essa resposta ativa, essa fidelidade à vida mesma e a Deus que Se dá a nós através de nosso contato cotidiano com o mundo material, é o primeiro dever e o dever mais essencial do homem.”
Amor e Vida, Thomas Merton

21 julho 2008

Entender e amar as pessoas doentes

“ Estou convencido de que a sociedade afluente americana está doente. Afirmar essa doença como ‘valor secular’ é algo que absolutamente me recuso a fazer. O amor ‘do mundo’ neste caso significa entender e amar milhões de pessoas acometidas da doença e que sofrem por ela de várias maneiras; compaixão para com elas, desejo de libertá-las de suas obsessões (como alguém pode fazer isso? Estamos todos contagiados), dar-lhes algo de sanidade e autenticidade.

O erro está em rejeitar os doentes e condená-los junto com a doença.”

Dancing in the Water of Life, de Thomas Merton.
Editado por Robert E. Daggy
(HarperSanFrancisco, San Francisco), 1997 p. 226

Reflexão da semana de 21-07-2008

Um pensamento para reflexão: A única forma certa: amar e servir ao homem do mundo moderno, mas não simplesmente sucumbir, com ele, a todas as ilusões a respeito do mundo.
Dancing in the Water of Life, Thomas Merton

15 julho 2008

Árvores


Meu zen está no lento balanço dos altos pinheiros.

Longa e delgada coluna de uma árvore oscila seus mais de cem metros em arco mais amplo que todas as outras e baila mesmo quando todas estão quietas.

Centenas de olmos brotam do seco solo sob os pinheiros.

Meu relógio entre folhas de carvalho. Minha camiseta no alambrado e o vento canta no bosque nu.

A Search for Solitude, de Thomas Merton.
Editado por Lawrence S. Cunningham
(HarperSanFrancisco, San Francisco), 1996 p. 232
Reflexão da semana de 14-07-2008

Um pensamento para reflexão:
Doce tarde! Brisas frescas e céu claro!
Este dia não retornará.
Os touros sob as árvores no canto de seu campo.
Quieta tarde! Colinas azuis, lírios do dia ao vento. Este dia não retornará.
Turning Toward the World, Thomas Merton.


My zen is in the slow swinging tops of sixteen pine trees.
One long thin pole of a tree fifty feet high swings in a wider arc than all the others and swings even when they are still.
Hundreds of little elms springing up out of the dry ground under the pines.
My watch among oak leaves. My T-shirt on the barbed wire fence and the wind sings in the bare wood.

Thought for the Day:
Sweet afternoon! Cool breezes and a clear sky!
This day will not come again.
The bulls lie under the tree in the corner of their field.
Quiet afternoon! The blue hills, the day lilies in the wind. This day will not come again.

07 julho 2008

Nosso eu oculto e escuro

“ O problema básico e mais fundamental da vida espiritual é a aceitação do nosso eu oculto e escuro, com o qual tendemos a identificar todo o mal que está em nós. Devemos aprender a distinguir, por discernimento, o mato mau das nossas ações do solo bom da alma. E devemos preparar esse solo para que uma nova vida possa dele crescer dentro de nós, para além do nosso conhecimento e do nosso controle consciente. A atitude sagrada costuma ser de reverência, profundo respeito e silêncio diante do mistério que começa a ocorrer em nós quando tomamos consciência do nosso eu mais interior. Em silêncio, esperança, expectativa e não-saber, o homem de fé entrega-se à divina vontade: não como se fosse um poder arbitrário e mágico cujos decretos devessem ser decifrados, mas como ao próprio fluir da realidade e da vida.”

The Inner Experience, de Thomas Merton
Editado por William H. Shannon
(HarperSanFrancisco, San Francisco) 2003, p. 55.
No Brasil: A Experiência Interior, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2007. p. 78-79
Reflexão da semana de 07-07-2008

Um pensamento para reflexão
: “Portanto, a atitude sagrada é um respeito profundo e fundamental para com o real, seja qual for a forma em que ele se apresente.”
A Experiência Interior, Thomas Merton