23 julho 2018

Louvar a Deus!

"Saberemos o que significa louvar, adorar, da glória?

Hoje em dia, ‘louvar’ não é coisa que custe por aí além. Tudo é louvado, desde o sabão à cerveja, da pasta de dentes às roupas, dos colutórios às estrelas de cinema e a todo tipo de aparelhagem que, assim se crê, há-de tornar-nos a vida mais cômoda. A tal ponto e com tal insistência sobem de tom os encomios, que não há quem se não sinta infartado deles. Uma vez que tudo é louvado (com tão falsos entusiasmos, como os dos locutores de rádio), forçoso é concluir que, ao fim e ao cabo, nada é louvado. O louvor converteu-se em algo vazio e desinteressante.

Sobrou algum superlativo para Deus? Não; todos foram gastos nos gêneros alimentícios, nos falsos remédios. Não ficou nenhuma palavra para exprimir a nossa adoração ao único que é Santo, ao único que é Senhor."

Rezar os Salmos
Editorial Franciscana, Portugal, pág. 13

17 julho 2018

O clima da oração monástica

"O clima em que a oração monástica floresce é o clima do deserto¹ onde falta ao homem o conforto, onde a segurança das rotinas das cidades do homem não oferece apoio e onde a oração tem de ser sustentada por Deus, na fé pura. Embora possa viver numa comunidade, o monge terá de explorar a aridez de seu ser íntimo como um solitário. A Palavra de Deus, que é seu conforto, é também sua desolação. A liturgia que é a alegria do monge e que lhe revela a glória do Senhor, não pode encher um coração que não foi primeiro humilhado e esvaziado pelo temor. Aleluia é o canto do deserto".

1.    Isaías 35, 1-10

(Agir, 1972) pág. 47

09 julho 2018

O problema da Parusia

... permanece o grande problema do cristianismo. E é evidente, não se trata absolutamente, em si, de um problema. O reino já está estabelecido, porém, não definitivamente manifestado - permanecemos num tempo de desenvolvimento, de opção e de preparação.

 (Vozes, 1970) pág.142

03 julho 2018

Despertar contemplativo

“Pelo simples fato de todos os homens buscarem instintivamente, de um modo ou de outro, o despertar de seu verdadeiro eu interior, todas as formas sociais válidas de religião procuram, de alguma maneira, propiciar uma situação tal em que cada membro do grupo de adoradores possa elevar-se acima do grupo e acima de si mesmo para encontrar a si e aos demais em um nível superior. Isso implica que todas as formas verdadeiramente sérias e espirituais de religião aspiram, ao menos implicitamente, a um despertar contemplativo do indivíduo e do grupo. Mas as formas de religião e adoração litúrgica que perderam o impulso inicial do fervor tendem a esquecer cada vez mais seu propósito contemplativo, passando a dar importância exclusiva aos ritos e às formas cerimoniais por si mesmos ou pelo efeito que se espera que causem no Ser adorado.”

(Martins Fontes, 2007) pág. 38