25 julho 2016

Servidor

“A Baronesa estava no banco da frente falando com alguém. De repente voltou-se para trás e me perguntou:

-Bem, Tom, quando vai para o Harlem de vez?

A simplicidade da pergunta me pegou de surpresa. Contudo, por mais brusca que tenha sido, talvez estivesse aí minha resposta. Será que era isso que eu estava pedindo em minhas orações?(...)

E assim ficou quase certo de que eu iria para o Harlem, ao menos por um tempo.”
A Montanha dos Sete Patamares, Thomas Merton (Ed. Vozes), 2ªEd. 2005, pág. 324

18 julho 2016

Um sinal realizado por ti

“O signo de Jonas prometeu à geração que não o compreendera foi o ‘signo de Jonas, o profeta’ - isto é, o signo de Sua própria ressurreição. A vida de todo monge, de todo sacerdote, de todo cristão, é marcada pelo signo de Jonas, porque todos vivemos pelo poder da Ressurreição de Cristo. Sinto, porém, que minha vida está especialmente marcada por esse grande signo, que o batismo e a profissão monástica marcaram a fogo nas próprias raízes do meu ser, porque, como o próprio Jonas, me vejo viajando para o meu destino no ventre de um paradoxo.”
O signo de Jonas, Thomas Merton (Ed. Mérito), 1954, pág. 7

11 julho 2016

A razão na vida contemplativa

“Seria, contudo, um erro fatal supor que a purificação da alma, em que a razão tem papel tão importante, se opera inteiramente ao nível da virtude natural. Dizendo que todos os poderes da alma devem ser ordenados pela razão, S. João não diz que eles devam conformar-se a um ideal racional e natural. Não se trata aqui de uma purificação ética ou moral. S. João não considera o nível de perfeição segundo o qual os homens deixam de enganar uns aos outros nos negócios, ir à missa aos domingos, dar esmolas aos pobres, emprestar a cortadeira de grama ao vizinho sem praguejar mesmo baixinho. Quando ele fala que ‘os poderes da alma devem ser dominados pela razão’, fala da perfeição sobrenatural consumada sob o impulso da graça, segundo os princípios revelados pela fé.”
Ascensão para a verdade, Thomas Merton (Ed. Itatiaia), 1999, pág. 121

04 julho 2016

Caridade: Gratidão e misericórdia

“Amar a Deus é tudo. E amar é bastante. Nada mais tem valor, exceto, e na medida em que seja transformado e elevado pela caridade de Cristo. Mas a coisa mais insignificante, tocada pela caridade, se transforma imediatamente e se torna sublime.
Os dois aspectos mais característicos da caridade divina no coração de um sacerdote são a gratidão e a misericórdia. Gratidão é a maneira como se exprime Sua caridade pelo Pai; misericórdia é a expressão da caridade de Deus, agindo Nele e atingindo por Seu intermédio os seus semelhantes. Gratidão e misericórdia encontram-se e fundem-se perfeitamente na Missa, que nada mais é senão caridade do Pai por nós, a caridade do Filho por nós e pelo Pai, a caridade do Espírito Santo, que é a Caridade que nos une ao Pai e ao Filho.”
O Signo de Jonas, Thomas Merton (Editora Mérito), 1954, pág. 210