10 julho 2006

Aprender quem somos

“ A vida consiste em aprender a viver de maneira autônoma, espontânea e livremente: para isso é preciso reconhecer-se a si mesmo – estar familiarizado e à vontade consigo mesmo. Isso significa, basicamente, aprender quem somos e aprender o que temos para oferecer ao mundo contemporâneo e, depois, aprender como fazer para que essa oferta seja válida.

A finalidade da educação é mostrar a uma pessoa como se definir autêntica e espontaneamente em relação ao seu mundo – não é impor uma definição pré-fabricada do mundo e, menos ainda, uma definição arbitrária do próprio indivíduo. O mundo é feito de pessoas que estão plenamente vivas dentro dele: isto é, de pessoas que podem ser elas mesmas nele e podem nele estabelecer umas com as outras uma relação viva e frutífera. O mundo, portanto, é mais real na proporção em que as pessoas nele são capazes de ser mais plenamente e mais humanamente vivas: isto é, mais capazes de fazer um uso consciente e lúcido de sua liberdade. Basicamente, essa liberdade deve consistir, antes de tudo, na capacidade de escolherem suas próprias vidas, de se encontrarem no nível mais profundo possível. Uma liberdade superficial de vagar sem destino, ora aqui, ora ali, de experimentar isto e aquilo, de fazer uma escolha de distrações (…) é simplesmente um simulacro. Pretende ser uma liberdade de “escolha” ao passo que se esquiva da tarefa básica de descobrir quem é que escolhe. Não é livre porque não está querendo enfrentar o risco da autodescoberta.”

Love and Living, de Thomas Merton
Editado por Naomi Burton Stone e Patrick Hart, OCSO
(A Harvest/HBJ Book, Harcourt Brace Jovanovich, San Diego, New York, London), 1985. p. 3-4
No Brasil: Amor e Vida, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2004. p. 3-4
Reflexão da semana de 10-07-2006

5 comentários:

Oswaldo Viana Jr disse...

Excelente reflexão para hoje, dia do meu aniversário...

Anônimo disse...

Evidentemente o Pe. Thomas Merton não fala aqui de nenhum imperativo ético-moral de "ser quem somos", mas do convite à plenitude de vida que Deus nos dirige – posta ao nosso alcance graças à Páscoa de Cristo (ainda mais que a seus ensinamentos). Conhecer-se a si mesmo é tanto um pré-requisito para alcançar essa plenitude quanto uma conseqüência dela. O convite à plenitude de vida é um convite à felicidade e à santidade, isto é, à restauração da imagem de Deus em nós – que, como mostra Gregório de Nissa, o pecado faz esmaecer.

Anônimo disse...

Importante, é a pessoa de descobrir quem ela é, conhecer-se. Tomar posse de si... LEgal mesmo...

Unknown disse...

MUITO BOM ESSE TEXTO ME FEZ PENSAR ALGUNS CONCEITOS.SOBRE MINHAS PRÓPRIAS ESCOLHAS.

Anônimo disse...

É ótimo esse texto para quem acha que nasceu sem um dom(dádiva concedida por Deus), pois, ao mesmo tempo que nos clareia a mente, nos diz que perseverando com fé a vida segue.