03 dezembro 2007

Restaurando o direito dos oprimidos

“ Infelizmente, o conceito verdadeiramente cristão de amor às vezes tem sido desacreditado por quem o sentimentaliza ou formaliza de uma forma ou de outra. Uma disposição subjetiva sincera de amar a todos não dispensa ninguém de uma ação social enérgica e sacrificial destinada a restaurar os direitos violados dos oprimidos, gerar trabalho para os desempregados, de modo que o faminto possa comer e que todos tenham uma possibilidade de ganhar um salário decente. Infelizmente, no passado era fácil demais para o homem bem alimentado nutrir os sentimentos mais louváveis de amor ao próximo, ignorando, ao mesmo tempo, o fato de seu irmão estar lutando para resolver problemas trágicos e insolúveis.

Já não é mais adequado apenas dar esmolas, especialmente se for só um gesto que parece dispensar qualquer outra ação social mais eficaz. Isso nem sempre resulta de uma real falta de sinceridade: mas as ‘boas obras’ que atendiam às necessidades de pequenas comunidades medievais não servem mais na fantástica crise mundial que varre toda a humanidade hoje, quando a população mundial se conta em bilhões e duplica em quarenta, vinte e até quinze anos. Neste caso, as dimensões do amor cristão devem se expandir e se universalizar na mesma escala do problema humano a ser enfrentado. O gesto individual, embora louvável, não será mais suficiente.”

Love and Living, de Thomas Merton
Editado por Naomi Burton Stone e Patrick Hart, OCSO
(Farrar, Straus and Giroux, New York) 1979, p. 30-31
No Brasil: Amor e Vida, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2004. p. 146-147
Reflexão da semana de 03-12-2007

Um pensamento para reflexão
: “O problema chave do humanismo é o problema desse amor autêntico que une o ser humano ao ser humano, não apenas em um relacionamento simbiótico e semiconsciente, mas como uma pessoa a outra pessoa, na autêntica liberdade de uma entrega mútua.”
Amor e Vida, Thomas Merton

2 comentários:

Anônimo disse...

Tomas Merton fazia a simbiose entre os dois amores de forma perfeita:-voava nas asas do Amor divino não deixando de mergulhar ,a fundo, na humanidade padecente.

Maria

Anônimo disse...

muito boa reflexão. Se todos que se dizem cristãos tivessem essa postura teríamos um outro Brasil. Obrigada