"Não há esperança para alguém que luta por obter uma virtude abstrata – uma qualidade de que não possui nenhuma experiência. Nunca poderá, eficazmente, preferir a virtude ao vício oposto, seja qual for o grau com que, aparentemente, despreza esse vício.
Todos possuem um desejo espontâneo de fazer coisas boas e de
evitar as más. No entanto, esse desejo é estéril enquanto não temos a
experiências do que significa ser bom.
O prazer de um ato bom é algo a ser relembrado, não para
alimentar nossa vaidade, mas para nos recordar que as ações virtuosas são não
somente possíveis e valiosas, mas pode tornar-se mais fáceis, mais cheias de
encanto e mais frutuosas do que os atos viciosos que a elas se opõem,
frustrando-as.
Uma falsa humildade não nos deve roubar o prazer da conquista,
que nos é devido, e mesmo necessário à nossa vida espiritual, sobretudo no
início.
É verdade que, mais tarde, podemos conservar ainda defeitos
que não conseguimos dominar – de maneira a termos a humildade de lutar contra
um adversário aparentemente invencível, sem sentirmos prazer algum pela
vitória.
Pois pode nos ser pedido renunciar até mesmo ao
prazer que sentimos ao fazer coisas boas, de maneira a termos a certeza de que
as realizamos por algo mais do que esse mesmo prazer. Mas antes de podermos
renunciar a esse prazer, temos de aceitá-lo. No início, o prazer vindo da
conquista de si mesmo é necessário. Não tenhamos medo de desejá-lo."
Na liberdade da solidão, Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2001, pág. 26 a 28
Um comentário:
Que texto maravilhoso!
Encantador!
Vem ao encontro do que tenho partilhado em minha direção espiritual e pensado para minha vida, na busca do crescimento humano e espiritual.
Obrigada, pela escolha desse trecho.
Pax!
Graça Bragante
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