13 outubro 2008

Meu próprio caminho e o público

“ Não me considero integrado à sociedade belicosa em que vivo, mas o problema é que essa sociedade me considera integrado a ela. Observo que, há quase vinte anos, minha sociedade - ou os que nela lêem meus livros – decidiu uma identidade para mim, e insiste em que eu continue a corresponder perfeitamente à idéia de minha pessoa que eles encontraram ao ler meu primeiro livro de sucesso [A Montanha dos Sete Patamares, sua autobiografia, publicada em 1948]. Simultaneamente, contudo, as mesmas pessoas prescrevem para mim uma identidade contrária. Exigem que eu continue sendo para sempre o jovem monge superficialmente piedoso, bastante rígido e com uma mentalidade um tanto estreita que eu era vinte anos atrás e, ao mesmo tempo, fazem circular continuamente rumores de que saí do meu mosteiro. O que de fato aconteceu foi apenas que tenho vivido onde estou e desenvolvido meu próprio caminho sem consultar o público a esse respeito, pois isso não é da conta do público.”

Raids on the Unspeakable, de Thomas Merton
(New Directions Press, New York), 1964, p. 172
Reflexão da semana de 13-10-2008

Um pensamento para reflexão
: “Estou convencido de que as páginas deste diário me mostram como sou: ruidoso, cheio da algazarra de imperfeições e paixões, e das feridas abertas deixadas pelo pecado, cheio de defeitos, invejas e tormentos, cheio de meu próprio vazio intolerável.
Entering the Silence, Thomas Merton

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