"Pode ser verdade? Pode haver maior infortúnio do que experimentar a nossa insuficiência, miséria e desesperança, e conhecer que não somos, absolutamente, dignos de nada? É, porém, uma bênção ver-se reduzido a esses extremos, quando neles podemos encontrar a Deus. Até chegarmos ao fundo do abismo, ainda há para nós algo a escolher entre tudo e nada. Ainda há qualquer coisa no meio. Podemos ainda fugir à decisão. Quando somos reduzidos aos extremos não existe mais evasão. A escolha torna-se terrível. Ela é feita em meio às trevas, mas com uma intuição que é insuportável, tal a sua clareza angélica: é quando nós, que fomos destruídos e parecemos estar no inferno, miraculosamente escolhemos a Deus!"
Homem algum é uma ilha, Thomas Merton (Editora Agir), 1968, pág.173-174
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