"Reserva e solidão
são valores que pertencem à própria essência da personalidade.
Uma pessoa é pessoa à medida que possui um segredo e constitui uma
solidão que não pode ser comunicada a nenhum outro. Se eu amo uma
pessoa, amarei o que mais a faz ser uma pessoa: o mistério, o
segredo, a solidão do seu ser, que só Deus pode penetrar e
compreender. Um amor que invade a intimidade espiritual do próximo,
para abrir-lhe todos os segredos e sitiar com importunidade a sua
solidão, não é amor: procura sim, destruir o que ele tem de
melhor, e de mais íntimo.
Compaixão e
respeito ajudam-nos a conhecer a soledade do próximo, encontrando-a
na intimidade da nossa própria solidão interior. Se um homem
desconhece o valor da sua própria solidão, como pode respeitá-la
nos outros?"
Homem algum é uma ilha, Thomas Merton (Editora Agir), 1968, pág.199-200
Um comentário:
Com mestria o querido monge nos fala sobre aquele espaço mais íntimo que possuímos em nossa alma. Verdadeiro cômodo onde nos encontramos com Deus, despidos de quaisquer armas, vestes e máscaras. Este espaço deve ser preservado! Quem não o respeita no próximo é porque não o conhece em si mesmo. Ou melhor, o fato de encontrar-se nu perante o Criador, completamente frágil perante o Infinito, lhe angústia. Falta-lhe conhecer o doce sabor que esta intimidade proporciona.
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