Thomas Merton e Catherine de Hueck Doherty, a Baronesa em torno do centro comum, o Cristo |
Se a
Baronesa, dando seu tempo, deixando as crianças ensaiar peças, oferecendo-lhes
algum lugar onde pudessem ao menos ficar fora da rua, fora da passagem dos
caminhões, conseguia reunir em torno dela almas como dessas santas mulheres e formar,
em sua organização, outras que eram igualmente santas, fossem elas brancas ou
de cor, não tinha apenas realizado seu ideal, mas poderia também, pela graça de
Deus, transfigurar a face do Harlem. Tinha diante de si várias medidas de
farinha e já havia à disposição um pouquinho de fermento. Conhecemos a maneira
de Cristo operar. Não importa quão impossível a coisa possa parecer do ponto de
vista humano; podemos acordar um dia e constatar que toda a massa está
fermentada. Isso pode ser feito com santos!
Quanto
a mim, soube logo que era bom estar ali e, por duas ou três semanas, apareci
todas as noites; jantava com a pequena comunidade no apartamento e depois
recitávamos em inglês as Completas, dispostos em dois coros na sala estreita.
Era a única vez que faziam algo que as assemelhava a uma comunidade religiosa,
mas nada havia de formalmente litúrgico. Era uma iniciativa totalmente
familiar.
Depois
disso dedicava-me, por duas ou três horas, à tarefa do que eufemisticamente se
chamava ‘tomar conta dos aprendizes’. Eu ficava no armazém, onde era sua sala
de jogos, tocava piano mais para mim do que por outra coisa e procurava, por
algum tipo de influência moral, manter a paz e prevenir alguma briga mais séria
(...). Mas na maior parte do tempo tudo era paz. Jogavam pingue-pongue e
monopólio. Para um garotinho eu cheguei a desenhar uma imagem da Santíssima
Virgem.”
A montanha dos sete patamares, Thomas Merton (Editora Vozes), 2ª Edição, 2010, pág. 315
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