03 fevereiro 2015

A proximidade de Deus

"Os únicos homens inseparáveis do Senhor são os que não Lhe disputam nunca o direito de separar-se deles. Jamais O perdem porque sempre têm em mente que nunca merecem encontrá-Lo, e porque, a despeito da sua indignidade, eles já O encontraram. Pois Ele os encontrou primeiro, e não os deixará partir. Deus aproxima-se do nosso espírito, ao afastar-se dele. Não podemos nunca ter um pleno conhecimento de Deus, se O tomarmos como um objeto de captura, que pode ser encerrado no recinto das ideias."
 
Homem algum é uma ilha, Thomas Merton (Editora Agir), 1968, pág.195

2 comentários:

Anônimo disse...

Merton é uma luz no deserto , deste mundo
sem paz !

Fernando disse...

No Budismo encontramos com frequência a palavre "Delusão". Não é desilusão; é delusão mesmo. E significa 'não ter a visão correta'. Estar "deludido" é estar apegado a uma "falsa convicção contrária às evidências" (Medo,Sabedoria indispensável para transpor a tempestade. Thich Naht Hanh, Ed. Vozes,2014, pg 46). As três principais delusões são o apego, a raiva e a ignorância.

Neste trecho do pensamento de Merton, o apego pode ser entendido, entre outros aspectos, como: "(...)não podemos nunca ter um pleno conhecimento de Deus se o tomamos como um objeto de captura, que pode ser encerrado no recinto das ideias".

Pode parecer estranho mas o apego é uma manifestação tão negativa do espírito humano que até mesmo o apego à Deus pode ser considerado uma delusão. Nada mais distante da verdade como acreditar que se pode confinar Deus entre quatro pardes, ainda que sejam as paredes do nosso coração. Pois não é o nosso coração que O retém, mas sim Ele que nos derrama sua luz, quando quer e como quer. Como afirmou Merton: "Deus aproxima-se do nosso espírito ao afastar-se dele".