“A essência propriamente dita do cristianismo é a caridade, a unidade em Cristo. (...) Buscar uma união com Deus que implicasse uma separação completa, em espírito e corpo, do resto da humanidade seria, para um santo cristão, não apenas absurdo, mas também o oposto da santidade.
O isolamento no eu, a inabilidade de sair de si para ir ao outro, significaria a incapacidade para qualquer forma de autotranscendência. Portanto, ser prisioneiro de si mesmo é, na verdade, estar no inferno. (...) Na verdade, o amor é a vida espiritual, sem o qual todos os outros exercícios do espírito, embora elevados, ficam esvaziados de conteúdo e tornam-se meras ilusões. E quanto maior a elevação, mais perigosa a ilusão.
O amor, com certeza, significa muito mais do que um simples sentimento, muito mais que favores ínfimos ou doadores de esmolas rotineiros. Amor significa uma identificação interior e espiritual com o irmão para que ele não se torne um ‘objeto’ ao ‘qual’ se ‘faz um bem’”.
A sabedoria do deserto, Thomas Merton (Editora Martins Fontes), 2004, pág. 18 e 19.
Nenhum comentário:
Postar um comentário