A vida solitária, agora que eu me confronto com ela, é assustadora, assombrosa, e constato não dispor de resistência em mim para enfrentá-la. Profunda impressão de minha própria pobreza e, acima de tudo, consciência dos erros que permiti em mim mesmo, junto com esse desejo positivo. Tudo isso é bom. Alegra-me ser abalado pela graça e acordar a tempo de ver a grande seriedade disso. Com isso eu andei apenas brincando, e a vida solitária não admite meras brincadeiras. Ao contrário de tudo que é dito a seu respeito, não vejo como a vida realmente solitária possa tolerar ilusão e autoengano. Parece-me que a solidão arranca todas as máscaras e todos os disfarces. Não tolera mentiras. Tudo, exceto a afirmação direta e categórica, é marcado e julgado pelo silêncio da floresta. ‘Que sua fala seja sim! Sim!’.
Merton na intimidade – Sua vida em seus diários,
Thomas Merton
Editado por Patrick Hart e Jonathan Montaldo – Traduzido por
Leonardo Fróes (Ed. Fisus), 2001, pág. 290
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