29 novembro 2004

O secreto solo do Amor

“ A realidade que se apresenta a nós e está em nós: chame-a de o Ser, o Atman, o Pneuma ou (...) o Silêncio. E pelo simples fato de estar atentos, de aprender a ouvir (ou de recuperar a capacidade natural de ouvir, que, assim como a de respirar, não pode ser aprendida), podemos encontrar-nos mergulhados numa felicidade que não pode ser explicada: a felicidade de estar unidos a tudo nesse secreto solo do Amor para o qual não pode haver explicações.”

Carta a Amiya Chakravarty de 13 de abril de 1967 publicada em
The Hidden Ground of Love, de Thomas Merton
Editado por William H Shannon
(Farrar, Straus & Giroux, New York), 1985. p. 115
Reflexão da semana 29-11-2004

22 novembro 2004

Minha tarefa pessoal

“ Minha tarefa pessoal não é simplesmente a de poeta e escritor (menos ainda de comentador, pseudoprofeta): é basicamente louvar a Deus desde um centro interior de silêncio, gratidão e “consciência”. Isso pode ser atingido numa vida que aparentemente não realiza nada. Sem centrar-se em realização ou não-realização, minha tarefa é apenas o respirar dia a dia dessa gratidão, na simplicidade, e quanto ao resto lançar-me ao que der e vier, já que o trabalho é parte do louvor, seja rachando lenha ou escrevendo poemas, ou, melhor que tudo, simples notas.”
The Intimate Merton, editado por Jonathan Montaldo e Patrick Hart, OCSO
(HarperSanFrancisco, San Francisco, CA), 1999. p. 266
No Brasil: Merton na Intimidade (Editora Fissus, Rio de Janeiro), 2001. p. 304
Reflexão da semana de 22-11-2004

15 novembro 2004

Um só Espírito

“ A mensagem de esperança que o contemplativo lhe oferece é que, entenda ou não, Deus o ama, está presente em você, habita em você, o chama, salva-o e lhe oferece um entendimento e uma luz que você jamais encontrou em livros nem ouviu em sermões. O contemplativo nada tem a lhe dizer que não seja reafirmar e dizer que, se ousar penetrar seu próprio silêncio e arriscar dividir aquela solidão com outros solitários que buscam a Deus por seu intermédio, realmente recuperará a luz e a capacidade de entender o que está além das palavras e além das explicações, porque está próxima demais para ser explicada: é a união íntima, na profundeza de seu próprio coração, do espírito de Deus e do seu próprio eu particular, de forma que você e Ele são, em verdade, um só Espírito.”

Carta a Dom Francis Decroix de 21 de agosto de 1967 publicada em
The Hidden Ground of Love, de Thomas Merton
Editado por William H Shannon
(Farrar, Straus & Giroux, New York), 1985. p. 158
Reflexão da semana de 15-11-2004

08 novembro 2004

Uma peregrinação proveitosa

“ Hoje, nossa tarefa consiste em aprender que se podemos viajar até os confins do mundo para ali encontrar a nós mesmos no aborígine mais diferente, teremos realizado uma peregrinação proveitosa. Isso porque essa peregrinação é necessária, de uma forma ou de outra. Deixar-se ficar em casa sentado e meditando sobre a presença divina, não basta para os tempos atuais. Precisamos chegar ao fim de uma longa jornada e verificar que o estrangeiro que encontramos não é outro senão nós mesmos — o que é o mesmo que dizer que nele encontramos Cristo.”

Mystics and Zen Masters, de Thomas Merton
(Farrar, Straus & Giroux; New York), 1967. p. 112
No Brasil: Místicos e mestres Zen, (Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro), 1972. p.116
Reflexões da semana de 8-11-2004

01 novembro 2004

Progresso e desintegração cultural

“ Não nos faz nenhum bem conseguirmos progressos fantásticos se não sabemos conviver com eles, se não sabemos utilizá-los sensatamente e se, em realidade, nossa tecnologia se transforma em nada mais do que um modo dispendioso e complicado de desintegração cultural. Não é “bonito” dizer tais coisas, reconhecer tais possibilidades. Mas são possibilidades e não são levadas em conta freqüentemente com inteligência. Causam emoção de vez em quando, e em seguida são varridas da memória. Todavia, permanece o fato de que criamos para nós uma cultura que ainda não pode ser vivida pela humanidade como um todo.”

Conjectures of a Guilty Bystander, de Thomas Merton
(Image Books, uma divisão da Doubleday & Co., Garden City, NY), 1968. p. 73
No Brasil: Reflexões de um espectador culpado, (Editora Vozes, Petrópolis), 1970. p. 83-84
Reflexões da semana de 1-11-2004