30 dezembro 2013

Sobriedade na obscuridade


"O verdadeiro contemplativo é um amante da sobriedade e da obscuridade. Prefere tudo o que é calmo, humilde e despretensioso. Não precisa de excitações espirituais. Estas facilmente o desgastam. Sua inclinação é para aquilo que parece ser nada, que lhe diz pouco ou nada, aquilo que nada lhe promete. Somente quem seja capaz de permanecer em paz no vazio, sem projetos ou vaidades, sem discursos para justificar sua própria inutilidade aparente, pode estar salvo do apelo fatal dos impulsos espirituais que o convidem a autoafirmar-se e a “ser alguma coisa” aos olhos dos outros. [...] Ele está, de fato, liberto das aparências e se importa muito pouco com estas. Ao mesmo tempo que, já que não tem nem a inclinação nem a necessidade de ser um rebelde, não precisa alardear seu desprezo pelas aparências. Simplesmente não lhes dá atenção."

The Inner Experience, de Thomas Merton
Editado por William H. Shannon
(HarperSanFrancisco, San Francisco) 2003
No Brasil: A experiência interior, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2007. p. 157 e 158

27 dezembro 2013

O Mistério do Natal

"O Mistério do Natal nos impõe uma dívida e uma obrigação para com o resto da humanidade e para com todo o universo criado. Nós que vimos a luz de Cristo somos obrigados, pela grandeza da graça que nos foi dada, a tornar conhecida a presença do Salvador até os confins da terra. Isso faremos não só pregando a boa-nova de sua vinda, mas, sobretudo, revelando-O em nossas vidas. Cristo nasceu para nós hoje para que pudesse aparecer ao mundo todo por nosso intermédio."

Seasons of Celebration, de Thomas Merton
(Farrar, Straus and Giroux, New York), 1965. p. 175
No Brasil: Tempo e Liturgia, (Editora Vozes, Petrópolis), 1968. p. 115

16 dezembro 2013

Tua oração mais eloquente

“Estejas contente em permanecer na solidão e no isolamento, na secura e na angústia, esperando por Deus nas trevas. Teu mudo anseio por Deus na noite do sofrimento será tua oração mais eloquente. Esse anseio será, para ti e para a Igreja, mais valioso e renderá mais glória a Deus do que os mais altos voos naturais da inteligência ou da imaginação. Sabe ainda, que Deus está operando aqui para elevar teu intelecto e tua vontade à mais alta perfeição da atividade sobrenatural na união com seu Espírito Santo.”

The Inner Experience, de Thomas Merton
Editado por William H. Shannon
(HarperSanFrancisco, San Francisco) 2003
No Brasil: A experiência interior, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2007. p. 148 e 149

10 dezembro 2013

Uma morte silenciosa

"Uma morte silenciosa pode testemunhar uma paz mais eloquente do que a morte marcada por vivazes expressões. Uma morte solitária, uma morte trágica, podem ter mais a dizer da paz e da misericórdia de Cristo do que muitas mortes tranquilas."

No Man is an Island, de Thomas Merton
(Doubleday & Company, New York), 1955. p. 163
No Brasil: Homem Algum é uma Ilha, (Verus Editora, Campinas), 2003. p. 221

09 dezembro 2013

Intuição Profética

"(...) Por que será que eu sempre andei meio convencido de que iria morrer jovem? Talvez por uma espécie de superstição - o medo de admitir uma esperança de vida que, se admitida, poderia ter de ser desfeita. Mas agora 'eu já vivi' uma boa parte da vida, e, quer o fato seja importante quer não, nada pode alterá-lo. É certo, infalível - embora isso também seja apenas uma espécie de sonho. Se eu não chegar aos 65, importa menos. Posso relaxar."

The Intimate Merton, editado por Jonathan Montaldo e Patrick Hart, OCSO
(HarperSanFrancisco, San Francisco, CA), 1999. p. 327
No Brasil: Merton na Intimidade (Editora Fisus, Rio de Janeiro), 2001. p. 170-171

03 dezembro 2013

Ensinamento de São João da Cruz

São João da Cruz, por Thomas Merton
“São João da Cruz explica, detalhadamente, como a alma deve se comportar para aceitar esse grande dom de Deus e fazer uso dele sem estragar a obra divina. É muito importante ter orientação e instrução adequadas nos caminhos da oração contemplativa. De outro modo, seria quase impossível evitar erros e obstáculos. A razão para isso é que, independentemente de quão boas sejam as intenções da alma, a insensibilidade e a inépsia que lhe são naturais impedem-na de perceber plenamente o significado da delicada operação realizada pelo amor Divino em seu mais profundo interior. Ela está, assim, impedida de cooperar com a ação divina.
 
A coisa mais importante de todas é alcançar alguma percepção do que Deus está realizando em nossa alma. Aprender o tremendo valor dessa obscura luz da fé, que às vezes nos crucifica e escurece e esvazia a mente de todas as convicções naturais e leva a alma a domínios desconhecidos, para então conduzi-la ao limiar de um verdadeiro contato experimental com o Deus vivo. São João da Cruz não hesita em dizer que as trevas são causadas pela presença de Deus no intelecto, cegando nossas potências finitas pelo brilho de sua realidade e verdade infinita.”

The Inner Experience, de Thomas Merton
Editado por William H. Shannon
(HarperSanFrancisco, San Francisco) 2003
No Brasil: A experiência interior, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2007. p. 137 e 138