25 setembro 2006

Esperança e caridade

“ Podemos amar a Deus de dois modos: ou porque esperamos Dele alguma coisa, ou porque Nele esperamos, sabendo que nos ama. Às vezes começamos com a primeira maneira de esperar e progredimos para a segunda. Nesse caso, a esperança e a caridade estão intimamente unidas, e ambas repousam em Deus. Então, cada ato de esperança pode abrir as portas à contemplação porque tal esperança traz a sua própria plenitude.”

No Man is an Island, de Thomas Merton
(Harcourt Brace Jovanovich, Publishers, New York), 1955. p. 17
No Brasil: Homem algum é uma ilha, (Verus Editora, Campinas), 2003. p. 30-31
Reflexão da semana de 25-10-2006

Um pensamento para recordar: “Um homem humilde pode fazer grandes coisas com uma perfeição incomum porque ele já não se preocupa com questões secundárias, tais como seus próprios interesses e sua própria reputação e assim, não precisa consumir suas forças para defendê-las.”
Seeds, de Thomas Merton

18 setembro 2006

Oração: liberdade brotando do nada

“ Para entender corretamente a oração temos de considerá-la nesse encontro com nossa liberdade, emergindo dos abismos de nosso nada e de nosso subdesenvolvimento, ao chamado de Deus. Oração é liberdade e afirmação brotando do nada, transformando-se em amor. Oração é o florescer de nossa mais íntima liberdade, em resposta à Palavra de Deus. Oração não é só diálogo com Deus, é a comunhão de nossa liberdade com a ilimitada liberdade de Deus; com Deus espírito infinito. Oração é a elevação de nossa liberdade limitada ao nível da infinita liberdade do espírito e do amor divinos.É, ainda, o encontro de nossa liberdade com a caridade que tudo envolve e não conhece limites nem obstáculos.”

Contemplation in a World of Action, de Thomas Merton
(Garden City, NY: Doubleday), 1971. p.345
No Brasil: Contemplação num Mundo de Ação (Ed. Vozes, Petrópolis), 1975, p. 300-301
Reflexão da semana de 18-09-2006

Um pensamento para recordar: “E é através de nossa porfia com a realidade material, com a natureza, que ajudamos uns aos outros a criar, ao mesmo tempo, nosso próprio destino e um mundo novo para os nossos descendentes.”
Amor e vida, de Thomas Merton

11 setembro 2006

Fantasias morais

“ Torna-se mais e mais difícil avaliar a moralidade de uma ação que leva à guerra porque cada vez mais, fica difícil saber precisamente o que está acontecendo. Não só a guerra é, cada vez mais, assunto para especialistas que manobram com equipamentos fantasticamente complexos, como, acima de tudo, há a questão do segredo absoluto em tudo que possa afetar seriamente a política de defesa. Podemos nos entreter lendo os relatórios na mídia e imaginar que esses ‘fatos’ fornecem subsídios suficientes para um julgamento moral a favor ou contra a guerra. Mas, na realidade, estamos apenas elaborando fantasias morais num vácuo. O que for que decidamos, permaneceremos completamente à mercê do poder governamental, ou melhor dizendo, do poder anônimo de gerentes e generais que atuam por traz da fachada do governo. Não temos meios de diretamente influenciar as decisões e as políticas decididas por esse pessoal. Na prática, temos que ter uma fé cega que se resigna a crer nas ‘autoridades legitimamente constituídas’ sem ter a mais vaga idéia do próximo passo que a autoridade poderá dar. Essa condição de irresponsabilidade e passividade é extremamente perigosa e dificilmente levará a uma legítima moralidade.”

Passion for Peace: The Social Essays of Thomas Merton
Editado porWilliam H. Shannon
(The Crossroad Publishing Company, New York, NY), 1995. p. 113-114

Reflexão da semana de 11-09-2006

Um pensamento para recordar: “Será que o significado de minha vida é aquele que Deus o desejou?”
Cistercian Quarterly Review #18 (1983)

04 setembro 2006

Tranqüilidade, descanso e calma alegria

“ O homem tem uma necessidade instintiva de harmonia e paz, ordem e sentido. Nenhuma dessas parecem ser características evidentes da sociedade moderna. Um livro escrito num mosteiro, onde as tradições e os ritos de uma era mais contemplativa permanecem vivos e continuam sendo praticados, talvez possa relembrar aos homens que existiu, uma vez, um modo de vida mais vagaroso e mais espiritual – e que este era o modo de seus ancestrais. Assim, mesmo no confuso estilo de vida do Ocidente está tecida uma certa memória da contemplação. É uma lembrança tão vaga e tão remota que mal pode ser compreendida e, contudo, pode, despertar a esperança de se recuperar a paz interior. Nessa esperança, o homem moderno pode, talvez, esperar por um momento o sonho de uma vida contemplativa e de um estado espiritual mais elevado de tranqüilidade, descanso e de calma alegria.”

Introductions East & West: The Foreign Prefaces of Thomas Merton
Editado por Robert E. Daggy
(Unicorn Press Inc., Greesboro, NC), 1981, p. 65
Reflexão da semana de 04-09-2006

Um pensamento para recordar: “A felicidade consiste em encontrar precisamente o que poderia ser “aquela coisa necessária” em nossas vidas e, alegremente, renunciar a todo o resto.”
Homem algum é uma ilha, de Thomas Merton