27 junho 2005

Guerras de misericórdia

“ Apesar de todo seu pessimismo em relação à natureza humana, Agostinho não previu os resultados lógicos de seu pensamento e, no contexto original, suas “guerras de misericórdia” para defender uma ordem civilizada fazem um certo sentido. Sua idéia é sempre de que a Igreja e os cristãos, façam o que fizerem, almejam finalmente a paz. A deficiência do pensamento agostiniano reside, portanto, não nas boas intenções que prescreve, mas em uma ingenuidade excessiva em relação ao bem que pode ser alcançado por meios violentos que não podem senão suscitar o que há de pior no homem. Assim, infelizmente ouvimos, durante séculos, reis, príncipes, bispos, sacerdotes, pastores – e só Deus sabe a variedade de melífluos beatos bedéis e sacristãos -, instando seriamente todos os homens a pegarem em armas por amor e trucidarem misericordiosamente seus inimigos (inclusive outros cristãos)…”

The Nonviolent Alternative, de Thomas Merton
(Farrar, Straus, Giroux, New York, NY) 1980. p. 45
Reflexão da semana de 27-06-2005

20 junho 2005

Em silêncio, com Deus

“ O silêncio dos lábios e da imaginação dissolve o que nos separa da paz das coisas, que só existem para Deus e não para si. Mas o silêncio de todo o desejo desordenado elimina a barreira que nos separa de Deus. Então passamos a viver só Nele.

No Man is an Island, de Thomas Merton
(Harcourt, Brace Jovanovich Inc., New York), 1983. p. 256
No Brasil: Homem algum é uma ilha, (Verus Editora, Campinas), 2003. p. 216
Reflexão da semana de 20-06-2005

13 junho 2005

Reparta sua paz

“ Afinal, a paz não é, talvez, algo para o qual se trabalhe ou “para o qual se lute”. De fato, a “luta pela paz” é que inicia todas as guerras. Quais são, afinal, os pretextos de todas essas crises de guerra fria senão “a luta pela paz”? Paz é algo que temos, ou não temos. Se um de nós está em paz, então há ao menos alguma paz no mundo. Reparta, pois, sua paz com todos, e todos estarão em paz.”

Conjectures of a Guilty Bystander de Thomas Merton
(Image Books, uma divisão da Doubleday & Co., Garden City, NY), 1968. p. 200
No Brasil: Reflexões de um espectador culpado, (Editora Vozes, Petrópolis), 1970. p. 231
Reflexão da semana de 13-06-2005

06 junho 2005

Sinais de esperança

“ Embora tenhamos o poder de destruir o mundo inteiro, a vida é mais forte do que o instinto da morte. O amor é mais forte do que o ódio. Não há sentido lógico em entregar-se demasiadamente à esperança, mas, repito, não é isso uma questão de lógica, e não se procuram nos jornais sinais de esperança ou nos pronunciamentos dos líderes mundiais (nesses, raramente há algo que dê esperança, pois aquilo que pretende ser animador é, em geral, de tal maneira vazio de esperança que somos levados ao quase desespero). Porque existe amor no mundo e porque Cristo assumiu nossa natureza, permanece sempre a esperança de que o homem, finalmente, depois de cometer muitos erros e ocasionar muitos desastres, haverá de aprender a desarmar-se e promover a paz. Há de reconhecer que tem de viver em paz com seu irmão. Contudo, nunca estivemos menos dispostos a realizar tal coisa.

Conjectures of a Guilty Bystander, de Thomas Merton
(Image Books, uma divisão da Doubleday & Co., Garden City, NY), 1968. p. 214
No Brasil: Reflexões de um espectador culpado, (Editora Vozes, Petrópolis), 1970. p. 249
Reflexões da semana de 6-06-2005