30 dezembro 2013

Sobriedade na obscuridade


"O verdadeiro contemplativo é um amante da sobriedade e da obscuridade. Prefere tudo o que é calmo, humilde e despretensioso. Não precisa de excitações espirituais. Estas facilmente o desgastam. Sua inclinação é para aquilo que parece ser nada, que lhe diz pouco ou nada, aquilo que nada lhe promete. Somente quem seja capaz de permanecer em paz no vazio, sem projetos ou vaidades, sem discursos para justificar sua própria inutilidade aparente, pode estar salvo do apelo fatal dos impulsos espirituais que o convidem a autoafirmar-se e a “ser alguma coisa” aos olhos dos outros. [...] Ele está, de fato, liberto das aparências e se importa muito pouco com estas. Ao mesmo tempo que, já que não tem nem a inclinação nem a necessidade de ser um rebelde, não precisa alardear seu desprezo pelas aparências. Simplesmente não lhes dá atenção."

The Inner Experience, de Thomas Merton
Editado por William H. Shannon
(HarperSanFrancisco, San Francisco) 2003
No Brasil: A experiência interior, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2007. p. 157 e 158

27 dezembro 2013

O Mistério do Natal

"O Mistério do Natal nos impõe uma dívida e uma obrigação para com o resto da humanidade e para com todo o universo criado. Nós que vimos a luz de Cristo somos obrigados, pela grandeza da graça que nos foi dada, a tornar conhecida a presença do Salvador até os confins da terra. Isso faremos não só pregando a boa-nova de sua vinda, mas, sobretudo, revelando-O em nossas vidas. Cristo nasceu para nós hoje para que pudesse aparecer ao mundo todo por nosso intermédio."

Seasons of Celebration, de Thomas Merton
(Farrar, Straus and Giroux, New York), 1965. p. 175
No Brasil: Tempo e Liturgia, (Editora Vozes, Petrópolis), 1968. p. 115

16 dezembro 2013

Tua oração mais eloquente

“Estejas contente em permanecer na solidão e no isolamento, na secura e na angústia, esperando por Deus nas trevas. Teu mudo anseio por Deus na noite do sofrimento será tua oração mais eloquente. Esse anseio será, para ti e para a Igreja, mais valioso e renderá mais glória a Deus do que os mais altos voos naturais da inteligência ou da imaginação. Sabe ainda, que Deus está operando aqui para elevar teu intelecto e tua vontade à mais alta perfeição da atividade sobrenatural na união com seu Espírito Santo.”

The Inner Experience, de Thomas Merton
Editado por William H. Shannon
(HarperSanFrancisco, San Francisco) 2003
No Brasil: A experiência interior, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2007. p. 148 e 149

10 dezembro 2013

Uma morte silenciosa

"Uma morte silenciosa pode testemunhar uma paz mais eloquente do que a morte marcada por vivazes expressões. Uma morte solitária, uma morte trágica, podem ter mais a dizer da paz e da misericórdia de Cristo do que muitas mortes tranquilas."

No Man is an Island, de Thomas Merton
(Doubleday & Company, New York), 1955. p. 163
No Brasil: Homem Algum é uma Ilha, (Verus Editora, Campinas), 2003. p. 221

09 dezembro 2013

Intuição Profética

"(...) Por que será que eu sempre andei meio convencido de que iria morrer jovem? Talvez por uma espécie de superstição - o medo de admitir uma esperança de vida que, se admitida, poderia ter de ser desfeita. Mas agora 'eu já vivi' uma boa parte da vida, e, quer o fato seja importante quer não, nada pode alterá-lo. É certo, infalível - embora isso também seja apenas uma espécie de sonho. Se eu não chegar aos 65, importa menos. Posso relaxar."

The Intimate Merton, editado por Jonathan Montaldo e Patrick Hart, OCSO
(HarperSanFrancisco, San Francisco, CA), 1999. p. 327
No Brasil: Merton na Intimidade (Editora Fisus, Rio de Janeiro), 2001. p. 170-171

03 dezembro 2013

Ensinamento de São João da Cruz

São João da Cruz, por Thomas Merton
“São João da Cruz explica, detalhadamente, como a alma deve se comportar para aceitar esse grande dom de Deus e fazer uso dele sem estragar a obra divina. É muito importante ter orientação e instrução adequadas nos caminhos da oração contemplativa. De outro modo, seria quase impossível evitar erros e obstáculos. A razão para isso é que, independentemente de quão boas sejam as intenções da alma, a insensibilidade e a inépsia que lhe são naturais impedem-na de perceber plenamente o significado da delicada operação realizada pelo amor Divino em seu mais profundo interior. Ela está, assim, impedida de cooperar com a ação divina.
 
A coisa mais importante de todas é alcançar alguma percepção do que Deus está realizando em nossa alma. Aprender o tremendo valor dessa obscura luz da fé, que às vezes nos crucifica e escurece e esvazia a mente de todas as convicções naturais e leva a alma a domínios desconhecidos, para então conduzi-la ao limiar de um verdadeiro contato experimental com o Deus vivo. São João da Cruz não hesita em dizer que as trevas são causadas pela presença de Deus no intelecto, cegando nossas potências finitas pelo brilho de sua realidade e verdade infinita.”

The Inner Experience, de Thomas Merton
Editado por William H. Shannon
(HarperSanFrancisco, San Francisco) 2003
No Brasil: A experiência interior, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2007. p. 137 e 138

25 novembro 2013

Esta é a obra da graça

“Na medida em que a vida espiritual é feita de pensamentos, desejos, ações, devoções e projetos do eu exterior, ela participa do não-ser e da falsidade deste. É claro, não existe uma espiritualidade puramente exterior. Não importa quão exterior nossa vida espiritual possa ser, se ela tem uma raiz de sinceridade, é fundamentada no homem interior e tem, portanto, valor e realidade aos olhos de Deus. O propósito de nossa vida, entretanto, é conduzirmos todos os esforços e desejos ao santuário do eu interior, entregando-os todos ao comando de uma consciência interior e inspirada por Deus. Esta é a obra da graça.”

The Inner Experience, de Thomas Merton
Editado por William H. Shannon
(HarperSanFrancisco, San Francisco) 2003
No Brasil: A experiência interior, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2007. p. 133

19 novembro 2013

Oração infusa

“O primeiro sinal da oração infusa, portanto, é esse buscar inexplicável e indômito, uma demanda que a aridez, as trevas ou a frustração não podem cessar. Justamente ao contrário, nas trevas ela encontra paz e no sofrimento não lhe falta alegria. Pura fé e cega esperança lhe bastam. Um conhecimento claro não é necessário.”

The Inner Experience, de Thomas Merton
Editado por William H. Shannon
(HarperSanFrancisco, San Francisco) 2003
No Brasil: A experiência interior, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2007. p. 124

11 novembro 2013

Sinais da Graça

“Se uma pessoa é realmente guiada pelo Espírito Santo, a própria graça cuidará de fazê-lo, pois a obscuridade e a simplicidade exterior são sinais da graça, como também o são a mansidão e a obediência. Onde quer que haja um conflito com a obediência, aquele que cede e obedece nunca perde, mas sempre cresce em graça e nunca deve se sentir frustrado por seu sacrifício.”

The Inner Experience, de Thomas Merton
Editado por William H. Shannon
(HarperSanFrancisco, San Francisco) 2003
No Brasil: A experiência interior, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2007. p. 115

05 novembro 2013

Contemplação mística em 3 pontos

“Tradicionalmente, o mais característico traço da contemplação cristã é essa passividade, essa recepção da divina luz-nas-trevas como um dom sumamente misterioso e inexplicável do amor de Deus.
 
Agora temos condições de resumir os elementos essenciais da contemplação mística:

1. É uma intuição que, em seus graus mais baixos, já transcende os sentidos; e, em seus graus mais elevados, transcende a própria inteligência.

2. Por isso, é caracterizada por uma qualidade de luz nas trevas, um saber não-saber. Está além do sentimento e até mesmo dos conceitos.

3. Neste contato com Deus, nas trevas, deve haver, de ambas as partes, uma certa atividade de amor. Da parte da alma, deve haver uma renúncia ao apego às coisas dos sentidos; a mente e a imaginação devem libertar-se de toda inclinação emocional e passional às realidades sensíveis. (…) O contemplativo deve, portanto, manter-se alerta e desinteressado de apegos sensíveis e até mesmo de apegos espirituais.”

The Inner Experience, de Thomas Merton
Editado por William H. Shannon
(HarperSanFrancisco, San Francisco) 2003
No Brasil: A experiência interior, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2007. p. 103 e 104

29 outubro 2013

Além das imagens e do entendimento

“A contemplação é pura na medida em que está livre de elementos sensíveis e conceituais. (...) A contemplação mais elevada e perfeita vai além das imagens sensíveis e do entendimento discursivo e brilha nas trevas do ‘não-saber’.”

The Inner Experience, de Thomas Merton
Editado por William H. Shannon
(HarperSanFrancisco, San Francisco) 2003
No Brasil: A experiência interior, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2007. p. 102 e 103

21 outubro 2013

Uma vida de simplicidade e liberdade

“A vida de contemplação na ação e na pureza de coração é, portanto, uma vida de grande simplicidade e liberdade interior. Nela, não se busca nada de especial, nem se demanda nenhuma satisfação em particular. Nela, está-se contente com o que se é. Simplesmente se faz o que tem de ser feito e, quanto mais concreto for o que tem de ser feito, melhor. Quem a vive não se preocupa com os resultados do que é feito, mas fica contente com os bons motivos que tem, sem angustiar-se demasiadamente com a possibilidade de cometer erros. Desse modo, pode nadar na intensa corrente da vida e permanecer a todo momento em contato com Deus, na simplicidade e mistério de uma tarefa comum, evidente e presente.

The Inner Experience, de Thomas Merton
Editado por William H. Shannon
(HarperSanFrancisco, San Francisco) 2003
No Brasil: A experiência interior, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2007. p. 94

14 outubro 2013

Uma estranha e profunda verdade

“Obscuridade e sinceridade costumam caminhar juntas na vida espiritual. O 'contemplativo disfarçado' é justamente aquele cuja contemplação não é mais oculta a ninguém do que a si próprio. Isso pode parecer uma contradição em termos. No entanto, o fato de que a graça da contemplação é mais segura e mais eficaz quando já não é buscada, querida ou desejada é uma estranha e profunda verdade.”

The Inner Experience, de Thomas Merton
Editado por William H. Shannon
(HarperSanFrancisco, San Francisco) 2003
No Brasil: A experiência interior, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2007. p. 92

08 outubro 2013

Um santo espanto

“A palavra 'contemplação' é muito insossa, muito vaga e muito estática para transmitir plenamente a força espiritual de uma experiência verdadeiramente religiosa de Deus. Para continuar a usar essa palavra, temos de reforçá-la, temos de esquecer suas conotações pagãs e intelectuais e pensar antes no tremor com que Moisés 'tirou as sandálias de seus pés' no monte Horeb, quando Deus falou com ele da sarça ardente e o advertiu que estava em solo sagrado. A contemplação, no contexto cristão, implica necessariamente um 'terror' sagrado – um santo espanto.”

The Inner Experience, de Thomas Merton
Editado por William H. Shannon
(HarperSanFrancisco, San Francisco) 2003
No Brasil: A experiência interior, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2007. p. 86

30 setembro 2013

Discernimento

“O problema básico e mais fundamental da vida espiritual é essa aceitação de nosso eu oculto e sombrio, o qual temos a tendência a identificar com todo o mal que há em nós. Devemos aprender a separar, pelo discernimento, o mal nascido de nossas ações da boa raiz da alma.”

The Inner Experience, de Thomas Merton
Editado por William H. Shannon
(HarperSanFrancisco, San Francisco) 2003
No Brasil: A experiência interior, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2007. p.78

24 setembro 2013

Acima de tudo, fé



“A vida de contemplação, portanto, não é simplesmente uma vida de técnica humana e disciplina, mas a vida no Espírito Santo no mais profundo de nossa alma. Todo dever do contemplativo é abandonar o que é vil e trivial em sua própria vida, fazendo tudo que puder para se conformar às ordenações secretas e misteriosas do Espírito de Deus. Isso, é claro, requer uma constante disciplina de humildade, obediência, desconfiança de si, prudência e, acima de tudo, fé.”

The Inner Experience, de Thomas Merton
Editado por William H. Shannon
(HarperSanFrancisco, San Francisco) 2003
No Brasil: A experiência interior, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2007. p. 65

17 setembro 2013

De corpo e alma

“O primeiro passo para uma compreensão correta da teologia cristã da contemplação é captar claramente a unidade de Deus e do homem em Cristo, o que evidentemente pressupõe a igualmente crucial unidade do homem em si mesmo. Pois, no homem, o corpo e a alma não estão divididos um contra o outro como princípios de bem e mal; nossa salvação não depende de modo algum de uma rejeição do corpo para libertar a alma do domínio de um princípio material maléfico. Ao contrário, nosso corpo é tão nós mesmo quanto a alma e nenhum deles pode possuir uma existência completamente separada do outro(...)”

The Inner Experience, de Thomas Merton
Editado por William H. Shannon
(HarperSanFrancisco, San Francisco) 2003
No Brasil: A experiência interior, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2007. p. 57 e 58

10 setembro 2013

Frutos da contemplação

“O mais importante na contemplação não é a gratificação e o repouso, mas a consciência, a vida, a criatividade e a liberdade. De fato, a contemplação é a atividade espiritual mais elevada e mais essencial ao homem. É a afirmação mais criativa e dinâmica de sua filiação divina.”

The Inner Experience, de Thomas Merton
Editado por William H. Shannon
(HarperSanFrancisco, San Francisco) 2003
No Brasil: A experiência interior, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2007. p. 50

02 setembro 2013

Religião envelhecida

“Quando a religião perde seu fervor e se torna estereotipada, o adorador passa a viver em um nível em que a fé é muito fraca e diluída demais para conduzir a qualquer despertar interior. Em vez de apelar ao eu mais profundo, a religião que assim envelheceu se contenta em animar as emoções inconscientes do eu exterior.”

The Inner Experience, de Thomas Merton
Editado por William H. Shannon
(HarperSanFrancisco, San Francisco) 2003
No Brasil: A experiência interior, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2007. p. 40 e 41

26 agosto 2013

Onde Deus habita

“Nossa consciência do eu interior pode, ao menos teoricamente, ser o fruto de uma purificação unicamente natural e psicológica. Já nossa consciência de Deus é uma participação sobrenatural na luz pela qual Ele revela a Si mesmo habitando nosso eu mais profundo. Logo, a experiência mística cristã é, não apenas uma consciência do eu interior, mas também, pela intensificação sobrenatural da fé, uma apreensão experiencial de Deus, na medida em que Ele se faz presente em nosso eu interior.”

The Inner Experience, de Thomas Merton
Editado por William H. Shannon
(HarperSanFrancisco, San Francisco) 2003
No Brasil: A experiência interior, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2007. p. 20

19 agosto 2013

O despertar do eu interior

“O eu interior é tão secreto quanto Deus e, como Ele, escapa a todo conceito que pretenda captá-lo completa e totalmente; é uma vida que não pode ser tomada e estudada como um objeto, porque não é 'uma coisa'.(...) Tudo que podemos fazer, por meio de qualquer disciplina espiritual é produzir em nós mesmos algo do silêncio, da humildade, do desapego, da pureza de coração e impassibilidade, que são elementos necessários para que o eu interior nos dê uma tímida e imprevisível manifestação de sua presença.”

The Inner Experience, de Thomas Merton
Editado por William H. Shannon
(HarperSanFrancisco, San Francisco) 2003
No Brasil: A experiência interior, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2007. p. 12

13 agosto 2013

Recado inicial

“Se, portanto, você tem a intenção de 'tornar-se um contemplativo', provavelmente perderá seu tempo e causará danos consideráveis a si mesmo lendo este livro. Entretanto, se você já é de algum modo um contemplativo – quer você saiba, quer não (isso faz pouca diferença) - é provável que não somente leia o livro com uma obscura sensação de que ele foi escrito para você, como também possa sentir a necessidade de ler a coisa toda, esteja ela de acordo com seus planos ou não. Nesse caso, simplesmente leia-o. Não procure os resultados, pois, muito antes de você ser capaz de percebê-los, estes já se terão produzido. E reze por mim, porque de agora em diante nós somos, de um modo estranho e misterioso, bons amigos.”

The Inner Experience, de Thomas Merton
Editado por William H. Shannon
(HarperSanFrancisco, San Francisco) 2003
No Brasil: A experiência interior, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2007. p. 05-06

05 agosto 2013

Amor puro e forte

“E é esse o mistério de nossa vocação: que não deixemos de ser homens para nos tornarmos anjos ou deuses, mas que o amor de meu coração de homem se possa tornar o amor de Deus por Deus e pelos homens, e minhas lágrimas humanas possam cair de meus olhos como lágrimas do próprio Deus, porque brotam pela moção de seu espírito no coração de seu filho encarnado. (...)

Quando se aprende isso, nosso amor pelos outros se torna puro e forte. Podemos ir ao seu encontro sem vaidade nem espírito de autocomplacência, amando-os como algo da pureza, da mansidão e do escondimento do amor de Deus por nós.”


Thoughts in Solitude, de Thomas Merton
(Farrar, Straus and Giroux Publishers, New York), 1958.
No Brasil: Na liberdade da solidão, (Editora Vozes, Petrópolis), 2001. p. 95

29 julho 2013

Que Ele esteja em mim

“Poderei expulsar o mal de minha alma lutando contra a minha treva? Não foi isso que Deus planejou para mim. Basta desviar-me de minha escuridão, voltando-me para sua luz. Não tenho de fugir de mim mesmo; basta que me encontre a mim mesmo, não como me fiz, por minha própria estupidez, mas como Ele me fez em sua sabedoria e, em sua infinita misericórdia, me refez. Pois é vontade sua que meu corpo e minha alma sejam o templo de seu Espírito Santo, que minha vida seja o reflexo irradiante de seu amor e que todo o meu ser repouse em sua paz. Então, conhecê-lo-ei em verdade, desde que esteja eu Nele e que Ele esteja, realmente, em mim.”

Thoughts in Solitude, de Thomas Merton
(Farrar, Straus and Giroux Publishers, New York), 1958.
No Brasil: Na liberdade da solidão, (Editora Vozes, Petrópolis), 2001. p. 92

22 julho 2013

Luz, verdade, sabedoria e paz

“Na verdadeira oração, (...) cada momento é uma nova descoberta de um novo silêncio, uma nova penetração naquela eternidade em que todas as coisas são novas. Sabemos, por uma espontânea descoberta, a profunda realidade que constitui nossa existência concreta aqui e agora e, nas profundezas dessa realidade, recebemos do Pai luz, verdade, sabedoria e paz, que são reflexo de Deus em nossas almas, feitas à sua imagem e semelhança.”

Thoughts in Solitude, de Thomas Merton
(Farrar, Straus and Giroux Publishers, New York), 1958.
No Brasil: Na liberdade da solidão, (Editora Vozes, Petrópolis), 2001. p. 77

16 julho 2013

O Salvador virá

“Cristo, que virá inesperadamente no fim dos tempos – e ninguém pode antever o instante de sua vinda – vem, a cada momento do tempo, também, àqueles que são seus e não podem ver nem antever sua vinda. Todavia, onde estão, Ele está. Como as águias, se reúnem, como que por intuição, sem saber como, e o encontram a cada instante.

Assim como não se pode dizer com segurança quando e onde Ele aparecerá no fim do mundo, também não se pode dizer com certeza quando e onde Ele há de se manifestar às almas contemplativas.”

Thoughts in Solitude, de Thomas Merton
(Farrar, Straus and Giroux Publishers, New York), 1958.
No Brasil: Na liberdade da solidão, (Editora Vozes, Petrópolis), 2001. p. 75

08 julho 2013

Silêncio e oração

“Quando me liberto pelo silêncio, quando não mais estou envolvido em calcular a vida mas em vivê-la, posso descobrir uma forma de oração em que efetivamente não há distrações. Toda a minha vida se torna oração. Todo meu silêncio está repleto de oração. O mundo de silêncio em que me acho imerso contribui para minha oração.”

Thoughts in Solitude, de Thomas Merton
(Farrar, Straus and Giroux Publishers, New York), 1958.
No Brasil: Na liberdade da solidão, (Editora Vozes, Petrópolis), 2001. p. 73

01 julho 2013

Senhor, meu Deus...


... não sei para onde vou. Não vejo o caminho diante de mim. Não posso saber com certeza onde terminará. Nem sequer, em realidade, me conheço, e o fato de pensar que estou seguindo a Tua vontade não significa que, em verdade, o esteja fazendo.

Mas creio que o desejo de Te agradar Te agrada realmente. E espero ter esse desejo em tudo que faço. Espero que jamais farei algo de contrário a esse desejo. E sei que, se assim fizer, Tu me hás de conduzir pelo caminho certo, embora eu nada saiba a esse respeito.

Portanto, sempre hei de confiar em Ti, ainda que me pareça estar perdido e nas sombras da morte. Não hei de temer, pois estás sempre comigo e nunca me abandonarás, para que eu enfrente sozinho os perigos que me cercam."

Thoughts in Solitude, de Thomas Merton
(Farrar, Straus and Giroux Publishers, New York), 1958.
No Brasil: Na liberdade da solidão, (Editora Vozes, Petrópolis), 2001. p. 66

25 junho 2013

Minha vida é um ouvir

“Minha vida é um ouvir. A Dele é um falar. Minha salvação está em ouvir e responder. Para isso, deve minha vida ser silenciosa. Daí ser meu silêncio minha salvação.

O sacrifício que agrada a Deus é a oferenda de minha alma – e das almas de outros.

A alma está em atitude de oferta quando de mantém inteiramente atenta a ele. Meu silêncio, que me separa de tudo mais é, pois o sacrifício de todas as coisas e a oferenda de minha alma a Deus. É, portanto, o sacrifício mais agradável que lhe posso oferecer. Se conseguir ensinar a outros a viver nesse silêncio, estou oferecendo-lhe uma sacrifício sumamente agradável. O conhecimento de Deus é melhor que holocaustos (Os 6,6).”

Thoughts in Solitude, de Thomas Merton
(Farrar, Straus and Giroux Publishers, New York), 1958.
No Brasil: Na liberdade da solidão, (Editora Vozes, Petrópolis), 2001. p. 59 e 60

17 junho 2013

Humildade ou orgulho?

“A humildade é uma virtude, não uma neurose.

Liberta-nos para que possamos agir virtuosamente, servir a Deus e conhecê-lo. A verdadeira humildade, portanto, jamais poderá inibir qualquer ação realmente virtuosa. Tampouco pode impedir-nos de nos realizarmos aderindo à vontade de Deus.

A humildade nos torna livres para fazermos o que é verdadeiramente bom, mostrando-nos nossas ilusões e retirando nossa vontade daquilo que era apenas um bem aparente.

Uma humildade que gela o nosso ser e frustra toda sã atividade não é, de modo algum, humildade, mas uma forma disfarçada de orgulho. Seca as raízes da vida espiritual, tornando impossível nossa entrega total a Deus.”

Thoughts in Solitude, de Thomas Merton
(Farrar, Straus and Giroux Publishers, New York), 1958.
No Brasil: Na liberdade da solidão, (Editora Vozes, Petrópolis), 2001. p. 53

10 junho 2013

Fé profunda, sincera e simples

“Se tentamos contemplar Deus sem primeiro haver voltado totalmente para ele a face do nosso ser interior, haveremos inevitavelmente de acabar por nos contemplarmos a nós mesmos e mergulharemos talvez no escuro e quente abismo da nossa própria natureza sensível. Não é nessa nossa treva que se poderá com segurança permanecer passivo.

Por outro lado, se confiamos demasiadamente em nossa imaginação e em nossas emoções, não nos voltaremos para Deus, mas mergulharemos num reboliço de imagens, fabricando para nós mesmos uma experiência religiosa feita à nossa moda, coisa por demais perigosa.

O 'voltar-se' de todo o nosso ser para Deus só pode ser atingido por uma fé profunda, sincera e simples, vivificada por uma esperança que sabe ser possível o contato com Deus e por uma amor que deseja, acima de tudo, fazer-lhe a vontade.”

Thoughts in Solitude, de Thomas Merton
(Farrar, Straus and Giroux Publishers, New York), 1958.
No Brasil: Na liberdade da solidão, (Editora Vozes, Petrópolis), 2001. p.41 e 42

03 junho 2013

Sagrado Coração de Jesus




“Não há verdadeira vida espiritual fora do amor de Cristo. Temos uma vida espiritual unicamente porque Ele nos ama. A vida espiritual consiste em receber o dom do Espírito e sua caridade, porque, em seu amor por nós, o Sagrado Coração de Jesus determinou que vivêssemos por seu espírito – o mesmo Espírito que procede do Verbo e do Pai e que é o amor de Jesus pelo Pai.


Se soubermos como é grande o amor de Jesus por nós, nunca teremos medo de ir a Ele em toda nossa pobreza, toda nossa fraqueza, toda nossa indigência espiritual e fragilidade. De fato, quando compreendermos o verdadeiro sentido de seu amor por nós, haveremos de preferir vir a Ele pobres e necessitados.”


Thoughts in Solitude, de Thomas Merton
(Farrar, Straus and Giroux Publishers, New York), 1958.
No Brasil: Na liberdade da solidão, (Editora Vozes, Petrópolis), 2001. p.31