24 abril 2006

Na serenidade do nosso próprio ser

“ É inútil tentar fazer as pazes conosco mesmos comprazendo-nos com tudo o que já fizemos. Para sossegar na serenidade do nosso próprio ser, precisamos aprender a desapegar-nos dos resultados de nossa própria atividade. Precisamos tomar distância, até certo ponto, dos efeitos que estão fora do alcance do nosso controle e contentar-nos com a boa vontade e o trabalho que são a silenciosa expressão da nossa vida interior. Precisamos aceitar viver sem observar-nos vivendo, trabalhar sem esperar uma recompensa imediata, amar sem satisfação instantânea e existir sem reconhecimento especial algum.”

No Man is an Island de Thomas Merton
(Harcourt Brace Jovanovich, Publishers, New York), 1955. p. 121.

No Brasil: Homem algum é uma ilha (Verus Editora, Campinas) 2003. p. 112
Reflexão da semana de 24-04-2006

17 abril 2006

A paz consigo mesmo

“ Em primeiro lugar, todo homem procura a paz consigo mesmo. É preciso, pois não achamos naturalmente descanso em nós mesmos. Antes de poder comunicar-nos com os outros e com Deus, temos de aprender a comunicar-nos conosco. Quem não está em paz consigo, necessariamente projeta sua luta interior nas pessoas com quem vive e contamina seu ambiente com conflito. Nem quando se esforça consegue fazer o bem, pois não sabe fazer o bem a si mesmo. Nos momentos de mais idealismo, pode decidir fazer outros felizes: assim, os oprimirá com sua própria infelicidade. Procura encontrar-se a si mesmo no trabalho de fazer os outros felizes. Por conseguinte, lança-se a esse trabalho. Mas só tira daí o que aí coloca: sua confusão, sua desintegração, sua própria infelicidade.”

No Man is an Island de Thomas Merton
(Harcourt Brace Jovanovich, Publishers, New York), 1955. p. 120-21.
No Brasil: Homem algum é uma ilha (Verus Editora, Campinas) 2003. p. 111-112
Reflexão da semana de 17-04-2006

10 abril 2006

A realidade que nos une

“ Pessoas que nada sabem de Deus e cujas vidas estão concentradas em si mesmas imaginam só poder encontrar-se afirmando seus próprios desejos, ambições e apetites numa luta com o resto da humanidade. Tentam tornar-se reais impondo-se aos demais, apropriando-se de uma parte da limitada quantidade de bens criados, realçando assim a diferença entre si e os outros homens que possuem menos do que eles, ou mesmo, nada.

Só podem conceber um modo de se tornarem reais: separando-se dos outros e construindo uma barreira de contrastes e distinções entre si e os outros. Não sabem que a realidade deve ser procurada não no que divide e sim no que une, pois somos 'membros uns dos outros'.”

New Seeds of Contemplation, de Thomas Merton
(New Directions, New York), 1972. p. 47
No Brasil: Novas sementes de contemplação, (Editora Fissus, Rio de Janeiro), 2001. p. 55
Reflexão da semana de 10-04-2006

03 abril 2006

Idéias erradas sobre a contemplação

“ A única maneira de nos libertarmos das idéias erradas sobre a contemplação é a experiência. Alguém que ignore, concretamente, em sua vida, a natureza dessa libertação e desse despertar para um novo plano de realidade, não pode deixar de ser enganado por grande parte do que ouve dizer sobre a contemplação. Pois a contemplação não é para ser ensinada nem mesmo para ser explicada com clareza. Só é possível insinuá-la, sugeri-la, apontá-la, simbolizá-la. Quanto mais objetiva e cientificamente procuramos analisá-la, tanto mais a esvaziamos de seu conteúdo real, pois essa experiência se encontra num plano que ultrapassa a verbalização e os raciocínios.”

New Seeds of Contemplation, de Thomas Merton
(New Directions, New York), 1972. p. 6
No Brasil: Novas sementes de contemplação, (Editora Fissus, Rio de Janeiro), 2001. p. 15
Reflexão da semana de 03-04-2006