27 abril 2009

O que importa está nas mãos de Deus

“A contemplação genuína não implica tensão. Não há razão alguma para que afete os nervos de quem a pratica: ao contrário, os relaxa. (…) Não há pressão na verdadeira contemplação, pois, quando o dom é verdadeiro, não dependemos dele; não somos escravizados pela ‘necessidade’ de vivenciar alguma coisa. O contemplativo não busca confirmação da confiança em si mesmo, em sua virtude, em seu estado, em sua ‘oração’. Sua confiança está em Deus, não em si mesmo. A paz e o ‘repouso’ da contemplação são frutos de uma fé viva na ação da graça divina. O contemplativo é capaz de abandonar a si mesmo e a tudo mais por saber que tudo o que realmente importa em sua vida está nas mãos de Deus; por saber que não tem de ‘pensar no amanhã’. Percebe plenamente a mensagem de salvação do Evangelho é pela graça de Deus, não depende do engenho humano.”

The Inner Experience, de Thomas Merton
Editado por William H. Shannon
(HarperSanFrancisco, San Francisco) 2003, p. 113
No Brasil: A Experiência Interior, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2007. p. 163.
Reflexão da semana de 27-04-2009

Um pensamento para reflexão: “A contemplação não dá as costas à realidade nem foge dela; vê através do ser superficial e vai além deste. Isto implica aceitar plenamente as coisas tais como elas são e avaliá-las de forma saudável.”
A Experiência Interior, Thomas Merton

20 abril 2009

O que significa a vontade de Deus?

“Se quisermos saber o que significa ‘vontade de Deus’, esta é uma forma de termos uma boa idéia. A ‘vontade de Deus’ certamente está em qualquer coisa exigida de nós para podermos estar unidos uns aos outros no amor. (…) Tudo o que me é pedido para que eu trate todas as outras pessoas efetivamente como seres humanos é ‘desejado para mim por Deus dentro da lei natural’. (…) Tenho de aprender compartilhar com os demais suas alegrias, sofrimentos, idéias, necessidades e desejos. Tenho de aprender a fazer isso não só em relação aos que são da mesma classe, profissão, raça e nação que eu, mas também quando os que sofrem pertencem a outros grupos, mesmo aos grupos considerados hostis. Fazendo isso, obedeço a Deus. Recusando-me a fazê-lo, desobedeço-Lhe. Não se trata, portanto, de coisa deixada ao capricho subjetivo.”

New Seeds of Contemplation, de Thomas Merton
(New Directions, New York), 1961. p. 76-77
No Brasil: Novas Sementes de Contemplação, (Editora Fissus, Rio de Janeiro), 2001. p. 80-81
Reflexão da semana de 20-04-2009

Um pensamento para reflexão: “ [A] contemplação é impossível para quem não tenta cultivar a compaixão para com os outros.”
Novas Sementes de Contemplação, Thomas Merton

13 abril 2009

Morrer é fruto da vida

“O homem maduro compreende que a vida afirma-se melhor não ao se adquirir coisas para si, mas ao doarem-se tempo, esforços, força, inteligência e amor a outros. Aqui começa a aparecer um tipo diferente de dialética entre vida e morte. Com o ‘fim’ de sua inclinação para a auto-satisfação e a sua reorientação em direção e para os outros, o impulso de vida, a satisfação vital transcende-se a si mesma. ‘Morre’ no que diz respeito ao ego, pois o eu é privado das satisfações imediatas que poderia reivindicar sem ser contestado. Agora renuncia a essas coisas a fim de dar a outros. Portanto, a vida ‘morre’ para si mesma no intuito de se dar e, assim, afirma-se com mais maturidade, mais fertilidade e mais plenitude. Vivemos para morrer para nós mesmos e dar tudo a outros... Esse ‘morrer’ para si mesmo a fim de dar a outros é nada mais nada menos do que uma afirmação superior e mais especial da vida. Esse morrer é fruto da vida, prova de um viver maduro e produtivo. É, de fato, a finalidade ou a meta da vida.”

Love and Living
, de Thomas Merton
Editado por Naomi Burton Stone e Patrick Hart, OCSO
(Farrar, Straus and Giroux, New York) 1979, p. 102
No Brasil: Amor e Vida, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2.004. p. 109
Reflexão da semana de 13-04-2009

Um pensamento para reflexão
: “A morte é, então, o ponto no qual a vida pode atingir sua realização pura. A morte leva a vida à sua meta. Mas a meta não é a morte – a meta é a vida perfeita.”
Amor e Vida, Thomas Merton

06 abril 2009

Encontrar a Terra Prometida

“Faze-me atravessar com alegria, Deus, o Teu Jordão. Lamento ter esquecido meus desejos e arder com outros desejos de terminar meu trabalho, conseguir que livros sejam distribuídos a pessoas. Mas, acima de tudo, existe apenas um desejo, que é o de encontrar a terra prometida e a liberdade de um amor puro, despreocupado de tudo que não seja o amor, despreocupado de tudo que não seja a pureza de Deus, Sua vontade, Sua glória. Paz acima da linguagem, não em algum estado esotérico, mas na divina realidade de um amor que é contemplação e ação, que adere a Deus e Nele abraça o mundo todo, na paz, na unidade.”

Entering the Silence, Journals volume 2, de Thomas Merton
Editado por Jonathan Montaldo
(HarperSanFrancisco, San Francisco), 1997, p. 177
Reflexão da semana de 06-04-2009

Um pensamento para reflexão
: “Assim, ao entrar na Semana da Paixão, minha mente está sintonizada com a Liturgia e com [as palavras proféticas de] Jeremias. Na Comunhão, é Cristo no Horto que ora em mim. Não tenho mais vontade de escrever.”
Entering the Silence, Thomas Merton