28 abril 2014

Contemplação e Providência Divina

“Temos fome das palavras transformadoras que nos vem de Deus, palavras ditas em segredo ao nosso espírito e portadoras de nosso inteiro destino. Acabamos por não viver de nada mais senão dessa voz. A nossa contemplação enraíza-se no mistério da Providência divina e na sua atualidade. A Providência não pode mais ser para nós uma abstração filosófica. Ela não é uma agência sobrenatural a prover-nos de roupa e mesa no devido tempo. É ela mesma que se torna alimento e vestuário nosso. A nossa vida são as próprias decisões misteriosas de Deus.”

Homem Algum é uma Ilha, Thomas Merton (Verus Editora, Campinas), 2003. p. 72.

22 abril 2014

A Vontade de Deus

“A santidade não consiste apenas em fazer a vontade de Deus. Ela está em querer a vontade de Deus. Pois santidade é união com Deus, e nem todos os que executam a Sua vontade estão unidos a ela.

(...) Mas, para querer o que Ele quer, devemos começar por saber alguma coisa do que Ele deseja. Cumpre-nos pelo menos desejar conhecer o que Ele quer.

(...) Ele deseja que obedeçamos a tudo que Ele ordena, que nada façamos do que Ele proibiu, que queiramos o que Ele deseja que queiramos e rejeitemos tudo o que Ele deseja que rejeitemos.

Homem Algum é uma Ilha, Thomas Merton (Verus Editora, Campinas), 2003. p. 62.

14 abril 2014

Somos o que rezamos

“Como o homem é, assim ele reza. É pelo modo de falarmos a Deus que nós nos fazemos aquilo que somos. O homem que não ora jamais, é alguém que tentou fugir de si mesmo, porque fugiu de Deus. Mas, embora seja ele tão irreal, é mais real do que o homem que ora a Deus com um coração falso e mentiroso.”

Homem Algum é uma Ilha, Thomas Merton (Verus Editora, Campinas), 2003. p. 50.

07 abril 2014

Equívocos na oração

“Quando, olhando interiormente, examinamos a nossa consciência psicológica, essa visão termina em nós mesmo. Percebemos os nossos sentimentos, a nossa atividade interna, os nossos pensamentos, juízos e desejos. Não é sadio estar por demais continuamente atento a todas essas coisas. A constante introspecção dá uma atenção extremamente ansiosa a movimentos que deviam ficar instintivo e desapercebidos. Quando prestamos demasiada atenção ao que vai em nós mesmos, torna-se restrita e estouvada a nossa atividade. São tanto os obstáculos, que ficamos logo paralisados e incapazes de agir como seres humanos normais.

É melhor, portanto, deixarmos em paz a consciência psicológica ao orarmos. Quando menos mexermos com ela, tanto melhor. A razão pela qual muitas pessoas religiosas acreditam não poderem meditar é pensar que meditação consiste em experimentar emoções, pensamentos ou afetos religiosos dos quais teríamos uma consciência subjetiva. Logo que se põem a meditar, começam a olhar para a consciência psicológica, a descobrir se estão experimentando alguma coisa que valha a pena. Pouco ou nada descobrem. Esforçam-se por produzir alguma experiência interior ou, senão, entregam-se ao desgosto.”

Homem Algum é uma Ilha, Thomas Merton (Verus Editora, Campinas), 2003. p. 42.