“Na comunhão, quando fui me aproximando do altar para tomar o cálice, eles cantaram a antífona: ‘Não havia ninguém para me confortar.’ A solidão absoluta de Cristo. Aconteceu de eu olhar para cima e, lá na minha frente, o Irmão que denunciou meus telefonemas [para Margie] estava recebendo a hóstia. Um cara comum, simples, honesto, obviamente com a melhor das intenções do mundo. Tenho de dizer ‘eu o perdôo’? Mas será que, para começo de conversa, estou zangado com ele? Seria como zangar-se com uma árvore. Seria absurdo até pensar em perdoá-lo. Perdôo a estrada principal porque ela não me leva a Louisville hoje para ver o Sr. Coisa Certa? Errado? Ele fez o que achou que tinha de fazer. O Abade fez (alegremente) toda a negação que achou que tinha de fazer. Toda a alegre privação, todas as garantias de que sabe o quanto estou sofrendo. O quanto estou sofrendo? Diga-me que estou sofrendo, que estou meio morto, que estou coberto de sangue, que fui quase destruído, que estou péssimo, etc., etc.. O que eles acham do sofrimento dela? Não entra na cabeça deles. Portanto, não posso levar a sério o que eles fingem dizer sobre o meu sofrimento. É só que eles estão ansiosos.”
Learning to Love, Journals Volume 6, de Thomas Merton.
Editado por Christine M. Bochen
(HarperSanFrancisco, San Francisco) 1997, p. 303-304.
Reflexão da semana de 07-09-2009
Um pensamento para reflexão: “A total solidão de Cristo. Não estou dizendo que a minha solidão é Dele. E ainda menos que entendo sobre a Dele. Só que é TOTAL.”
Learning to Love, Thomas Merton
3 comentários:
Desculpe, estou com um probleminha pois não consegui entender o contexto da frase 'O que eles acham do sofrimento dela?' ... é falta minha ou foi um erro tipográfico?
Não se trata de erro tipográfico... Merton, durante boa parte do ano de 1966 apaixonou-se por uma estudante de enfermagem a partir da ocasião em que foi submetido a uma cirurgia num hospital de Louisville, KY.
O sexto volume dos seus diários póstumos trata extensivamente dessa fase de sua vida. Parte de suas reflexões está contida no livro "Merton na Intimidade - Sua Vida em Seus Diários", Ed. Fissus, 2001, Rio de Janeiro, pag. 307-358.
Este Blog é maravilhoso > leio sempre os textos do grande ousado,verdadeiro e homem santo que é Thomas Merton (ele vive!). Este relato do dia sete me comoveu mais uma vez por tanta inteligência e tão elevada espiritualidade.
Martha
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