“Como desperta o vale. Às duas e quinze da madrugada, não há ruídos, a não ser no mosteiro: tocam os sinos, o Ofício Divino se inicia. Lá fora, nada, exceto, talvez, um sapo-boi coaxando ‘Om’ no riacho ou no laguinho da hospedaria. Em algumas noites, ele fica no Samadhi, nem se ouve o ‘Om’. Nessas manhãs, o pio misterioso e ininterrupto do pássaro da noite começa mais ou menos às três. Ele nem sempre está perto. Às vezes são dois ou três piando juntos, talvez a um quilômetro de distância nas florestas a leste.
Os primeiros pios dos pássaros da manhã marcam o point-vierge da aurora sob um céu ainda sem luz real. É um momento de temor reverente e de inexprimível inocência, quando o Pai, em perfeito silêncio, abre-lhes os olhos. Eles começam a falar-Lhe, não em canto fluente, mas com uma pergunta de despertar que seu estado de aurora, seu estado no point-vierge. Sua condição pergunta se chegou para eles a hora de ‘ser’. Ele responde que ‘sim’. Então, um por um, eles despertam e se tornam passarinhos. Manifestam-se como passarinhos ao começar a cantar. Logo serão plenamente o que são e até voarão.”
Conjectures of a Guilty Bystander, de Thomas Merton
(Doubleday, New York), 1966. p. 131
No Brasil: Reflexões de um espectador culpado, (Editora Vozes, Petrópolis), 1970. p. 151
(Doubleday, New York), 1966. p. 131
No Brasil: Reflexões de um espectador culpado, (Editora Vozes, Petrópolis), 1970. p. 151
Reflexão da semana de 31-10-2011
Um pensamento para reflexão: “Enquanto isso, o momento mais maravilhoso do dia é aquele em que, em sua inocência, a criação pede licença para ‘ser’ uma vez mais, como na primeira manhã que jamais existiu.”
Reflexões de um espectador culpado, Thomas Merton
Nenhum comentário:
Postar um comentário