15 agosto 2016

Em busca de paz - Parte 2

10 de agosto de 1965 – São Lourenço

(Ando assustado com a espantosa clareza da argumentação de Anselmo em De Casu Diaboli. Uma visão da liberdade que é essencialmente monástica, i.e., contida na perspectiva de uma vocação e graça inteiramente pessoais.) A necessidade de oração – a necessidade de sólida alimentação teológica, pela Bíblia, pela tradição monástica. Não experimentação nem diletantismo filosófico. A necessidade de ser inteiramente definido por uma relação com e uma orientação para Deus meu Pai, i.e., uma vida de filiação na qual tudo que distrai dessa relação é visto como absurdo e tolo. Quão real é isto! Uma realidade que devo estar constantemente avaliando, que não pode simplesmente ser tomada por certa. Que não pode perder-se em distrações. Aqui a distração é fatal – leva-nos inexoravelmente ao abismo. Não se requer porém concentração, apenas estar presente. E também trabalhar com seriedade em tudo que há para ser feito – cuidar do jardim do paraíso! Pela leitura, a meditação, o estudo, a salmodia, o trabalho manual e também um pouco de jejum etc. Acima de tudo trabalho da esperança, não a estúpida e frouxa autopiedade do tédio, da acedia.
Merton na intimidade – Sua vida em seus diários,Thomas Merton
Editado por Patrick Hart e Jonathan Montaldo – Traduzido por Leonardo Fróes (Ed. Fisus), 2001, pág. 290-291

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