“ A heresia do individualismo: crer-se uma unidade inteiramente auto-suficiente e afirmar essa “unidade” imaginária contra todos os demais. Mas quando procuramos afirmar nossa unidade negando haver qualquer relação seja com quem for rejeitando a todos no universo até chegarmos a nós mesmos, o que resta para ser afirmado? Mesmo se houvesse algo para ser afirmado, não nos restaria mais fôlego para afirmá-lo.
O verdadeiro caminho é justamente o oposto: quanto mais sou capaz de afirmar os outros, de dizer-lhes “sim” em mim mesmo, descobrindo-os em mim e a mim mesmo neles, tanto mais real eu sou. Sou plenamente real se meu coração diz sim a todos.”
O verdadeiro caminho é justamente o oposto: quanto mais sou capaz de afirmar os outros, de dizer-lhes “sim” em mim mesmo, descobrindo-os em mim e a mim mesmo neles, tanto mais real eu sou. Sou plenamente real se meu coração diz sim a todos.”
Conjectures of a Guilty Bystander, de Thomas Merton
(Doubleday, New York), 1966. p. 143-144
No Brasil: Reflexões de um espectador culpado, (Editora Vozes, Petrópolis), 1970. p. 166
Reflexão da semana de 13-02-2006
6 comentários:
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pax et bonum!
Queridos amigos,
Nao me canso de afirmar, seja em que circulo de discurções eu esteja, que existe um homem sensivel às monções do Espirito e que sabe pô-las no papel: Thomas Merton. Dessa vez ele foi lá na raiz de um tema que há meses venho ruminando: o estar só! Tenho aprendido com Merton que se a minha solidão for uma mera segregação das demais pessoas, estarei condenado a um isolamento povoado de demonios. A solitude deve nos levar a um maior comprometimento com os nossos irmãos. Estando na solidão, diante de Deus-Trindade (o Amante, o Amado e o Amor), aprenderemos direto da fonte, a amar mais e melhor. Perfeitamente como foi dito por ele nesse postagem desta seman: É no dizer sim ao outro que vou me conhecendo, aparecendo aí o desapego, uma virtude rara nos nosso meio.
Vixe, acho que falei demais!
Valeu, Thomas, valeu por esse tesouro! Voce é o cara!
Cristovao Junior
www.merton.cjb.net
Na época em que estamos passando é sempro bom lembrar que podemos ser diferentes do que o sistema deseja. O sistema tenta nos mudar com roupas e modos diferentes, temendo, com isto, que venhamos a perceber que de fatos temos que mudá-lo. Não temos que ser individuais, mas sim coletivos em um Novo Homem.
Merton faz uma vibrante manifestação pelo ecumenismo e pelo diálogo inter-religioso ao concluir o capítulo do livro de onde a Reflexão foi extraída.
Diz ele, ao final:
"Se eu me afirmo como católico simplesmente negando tudo que é muçulmano, judeu, protestante, hindu, budista, etc., no fim descobrirei que, em mim, não resta muita coisa com que me possa afirmar com católico: e certamente nenhum sopro do Espírito com o qual possa afirmá-lo."
Unidade na essência pode ser gerada através da oração pela Humanidade, o que significa elo de identidade humana no Deus de Amor.
Unidade na existência pode ser congraçamento no tempo, no espaço e nas coordenadas da vida que abrangem nossas dimensões interiores e exteriores.
Ser "plenamente real se meu coração diz sim", poderia ter o significado da abrangência dessas duas unidades: essência e existência, na comunhão do Amor de Deus! Mas, é profundamente difícil de entender, assimilar com as atitudes, ser coerente e ter perseverança,se a pessoa é solitária. Esse individualismo creio que é mais uma solitude opcional... ( Às vezes não encontramos com quem falar, discutir, comentar esses assuntos tão relevantes para deixarmos de ser sós...)
Anônima SF
Anônima SF
É muito bom essa abertura de vários comentários, para que se releia a própria asserção, muitas vezes incompleta ou errada, como a minha, sobre esse assunto.
Entendi nas palavras do Waldecy, a importância do ECUMENISMO, QUE NOS PROPICIA AMARMOS O NOSSO SEMELHANTE MUITO ALÉM DOS SEUS ATRIBUTOS ACIDENTAIS...
Difícil, mas, não impossível!
Anônima SF
Excelentes os comentários. Acho que o silêncio é realmente o caminho para nos conhecermos melhor e só assim poderemos nos aproximar do outro, entendendo suas limitações e diferenças conosco e portanto amando-o verdadeiramente, com aquele amor desinteressado que Cristo nos ensinou e Thomas Merton tão bem encarnou em sua vida e deixou para nós através de sua obra. Obrigada Waldecy por me dar esta oportunidade de desfrutar desse tesouro.
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