24 dezembro 2007

Cristo começa onde eu termino

“ O Advento, para nós, significa aceitação desse início totalmente novo. Significa a disposição de ver a eternidade e o tempo se encontrarem, não só em Cristo, mas em nós, no Homem, em nossa vida, em nosso mundo, em nosso tempo. O início é, portanto, o fim. Temos de aceitar o fim antes de podermos começar. Ou, antes, para sermos mais fiéis à complexidade da vida, temos de aceitar juntos o fim no início.

O segredo do mistério do Advento é, portanto, a conscientização de que eu começo onde termino, porque Cristo começa onde eu termino. Em termos mais comuns, vivo para Cristo quando morro a mim mesmo. Começo a viver para Cristo quando chego ao ‘fim’ ou ao ‘limite’ do que me divide dos homens, meus semelhantes; quando estou disposto a avançar além desse limite, a atravessar a fronteira, a tornar-me um estranho, a penetrar no deserto que não é ‘meu eu’, onde não respiro nem ouço a barulheira habitual e confortadora de minha própria cidade, onde estou só, sem defesas, na solidão de Deus.

A vitória de Cristo não é, de modo algum, a vitória de minha cidade sobre a cidade ‘deles’. A exaltação de Cristo não é a derrota e a morte de outros, de maneira que ‘meu lado’ possa ser vingado, e que eu possa provar estar ‘certo’. Devo passar por cima, fazer a transição (pascha) do meu fim a meu início, da minha antiga vida que terminou e que agora é morte para a minha vida nova, que não existia antes e que, agora, existe em Cristo.”
“Advent: Hope or Delusion?” in Seasons of Celebration, de Thomas Merton
(Farrar, Straus and Giroux, New York), 1965. p. 96-97
No Brasil: “Advento: Esperança ou Ilusão?” in Tempo e Liturgia, (Editora Vozes, Petrópolis), 1968. p. 99-100
Reflexão da semana de 24-12-2007

Um pensamento para reflexão
: “Hoje, a eternidade penetra no tempo, e o tempo santificado é levado à eternidade. Hoje, Cristo, a Palavra Eterna do Pai, que estava no principio com o Pai, em quem foram feitas todas as coisas, no qual todas subsistem, penetra no mundo criado por Ele, para recuperar as almas esquecidas de sua identidade.”
Tempo e Liturgia, Thomas Merton

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