16 junho 2008

O silêncio do mundo e o nosso barulho

“ Os que amam o ruído que fazem são impacientes com o resto. Desafiam constantemente o silêncio das florestas, das montanhas e do mar. Passeiam com suas máquinas pela floresta silenciosa, em todas as direções, cheios de medo de que um mundo calmo os acuse de vazios. A pressa da sua velocidade, a pretexto de um fim, simula ignorar a tranqüilidade da natureza. O avião ruidoso, por sua trajetória, por seu estrondo, por sua força aparente, por um momento parece negar a realidade das nuvens e do céu. Vai-se o avião, fica o silêncio do céu. Afasta-se ele, a tranqüilidade das nuvens permanece. O silêncio do mundo é que é real. O nosso barulho, os nossos negócios, os nosso planos e todas as nossas fátuas explicações sobre o nosso barulho, negócios e planos, tudo isso é ilusão.”

No Man is an Island, de Thomas Merton
(Harcourt Brace Jovanovich, Publishers, New York), 1955. p. 257
No Brasil: Homem algum é uma ilha, (Verus Editora, Campinas), 2003. p. 216
Reflexão da semana de 16-06-2008

Um pensamento para reflexão: “Não é o falar que rompe nosso silêncio, mas a ansiedade de ser ouvido. As palavras do orgulhoso impõem silêncio aos demais, de maneira que só ele possa ser ouvido. O humilde nada pede senão uma esmola; depois, espera e escuta.”
Na liberdade da solidão, Thomas Merton

2 comentários:

Anônimo disse...

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pax!

Esse trecho de "Homem Algum é uma Ilha" é um dos mais belos e um dos mais intrigantes, um dos mais fortes, mais lúcidos, sem falar que é um dos mais constrangedores que conheço: pois nos arrasa (como um dia Merton se sentiu arrasado quando se percebeu mergulhado nessa vacuidade), nos deixa paaaaaasmos, querendo ou não, nos vemos andando pra lá e pra cá vazios do Único Necessário.
Mais uma vez Merton tem razão!
Tal passagem também pode ser vista no site ( vide: http://br.geocities.com/mertoniano/questiones.htm )
Fugimos por demais dessa auto-acusação de vazio, e a consequencia disso é mediocridade de nossas ações/atitudes/posturas.
Termino esse comentário com palavras de Merton: "Venham as andorinhas, e façam o ninho em torno desse homem, e ensinem seus filhotes a voar no deserto que ele fez da sua alma, e assim, ele não ficará inútil para sempre."

Anônimo disse...
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