20 outubro 2008

Oculto mas Vivo

“ A contemplação […] é a própria vida plenamente despertada, plenamente ativa, plenamente consciente de que está viva. É um prodígio espiritual, uma admiração. Um temor espontâneo, reverencial, diante do caráter sagrado da vida, do ser. É gratidão pelo Dom da vida, pela consciência despertada, pelo ser. É a consciência viva do fato de que, em nós, a vida e o ser procedem de uma Fonte invisível, transcendente e infinitamente abundante. A contemplação é, acima de tudo, a consciência da realidade dessa Fonte. Ela conhece a Fonte, obscuramente, de modo inexplicável, mas com uma certeza que vai além, tanto da razão como da simples fé. […] É fé em maior profundidade, conhecimento demasiadamente penetrante para poder ser captado em imagens, palavras ou mesmo conceitos claros. […]

A contemplação é também a resposta a um chamado. Um chamado daquele que não tem voz e no entanto se faz ouvir em tudo que existe, e que, sobretudo, fala nas profundezas de nosso próprio ser, pois nós somos palavras dele. Mas somos palavras que existem para responder a Ele, atendê-lo, fazer-lhe eco e mesmo, de certo modo, para estarem repletas dele, contê-lo e significá-lo. A contemplação é esse eco. É uma profunda ressonância no mais íntimo centro de nosso espírito, onde nossa própria vida perde sua voz específica e ecoa a majestade e a misericórdia daquele que é oculto mas Vivo.


New Seeds of Contemplation, de Thomas Merton
(New Directions, New York), 1962. p. 1-3

No Brasil: Novas sementes de contemplação (Editora Fissus, Rio de Janeiro). 2001. p.9 e 11
Reflexão da semana de 20-10-2008

Um pensamento para reflexão: “Por isso a contemplação é mais do que mero considerar de verdades abstratas sobre Deus; mais até, do que a meditação afetiva das coisas em que cremos. É um despertar, uma iluminação, e a apreensão intuitiva, espantosa, com que o amor se certifica da intervenção criadora e dinâmica de Deus em nossa vida cotidiana.”
Novas sementes de contemplação, Thomas Merton

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