14 dezembro 2009

Por que sou monge


[Carta a Margaret Randall, junho de 1967]
“De vez em quando alguém se pergunta por que sou monge, e não quero estar sempre justificando a idéia de ser monge, porque senão fico com a falsa idéia de que sou monge. Quando entrei aqui, talvez eu acreditasse que era monge, e continuei assim por cinco, dez, quinze anos, permitindo-me até vir a ser mestre de noviços e dizer a outros como é ser monge. Não é mais assim. Não tenho nada a dizer sobre esta instituição, a não ser que me pergunto se tem algum futuro, pelo menos tal como é hoje, e agora também não faço mais tanto parte dela. 

Vivo sozinho no bosque e, na medida do possível, tenho-me esquivado tanto da instituição monástica quanto da instituição civil. Claro que isso também é uma ilusão. Mas, no que me diz respeito, a pergunta ‘por que você tem de ser monge?’ é como a pergunta ‘por que você tem de morar em Nebraska?’ Não sei. Deve ser karma, imagino. Aqui estou eu, e, por um lado, não seria fisicamente fácil para mim estar em outro lugar; mas, por outro lado, tenho o que quero: certa quantidade de distância, silêncio, perspectiva, meditação, espaço para fazer as coisas que sei que preciso fazer. Eu enlouqueceria se tentasse fazê-las na cidade…”


The Courage for Truth: Letters to Writer
s, de Thomas Merton.

Editado por Christine M. Bochen
(Farrar, Straus & Giroux, New York) 1993, p. 220
Reflexão da semana de 14-12-2009

Um pensamento para reflexão
: “Esta vida é mais comum do que você pensa, e também me pergunto se estou mais fora da vida ou mais dentro dela. Para mim, o bosque é vida.”

The Courage for Truth, Thomas Merton

2 comentários:

Anônimo disse...

Belissimo blog.
Pepe, Nova Zelandia

Anônimo disse...

não se sabe o porque da vocação monástica, simplesmente se tem, Deus a dá de graça e nos ajuda a realizala.