“E, se seguirmos a
Cristo, cedo ou tarde temos de arriscar tudo para tudo possuir. Temos
de jogar com o invisível e ariscar tudo que podemos ver, sentir e
experimentar. Mas sabemos que vale a pena arriscar, porque nada há de
menos seguro do que o mundo passageiro. 'Pois a figura deste mundo
passa' (1Cor 7,31).
Sem coragem, jamais
poderemos atingir a verdadeira simplicidade. A covardia nos mantém
num espírito de 'duplicidade', hesitando entre o mundo e Deus. Ora,
com essa hesitação não há verdadeira fé – a fé é apenas uma
opinião. Não possuímos nunca a certeza, porque nunca nos decidimos
a ceder totalmente à autoridade do Deus invisível. Essa hesitação
é a morte da esperança. Não abrimos mão, nunca, daqueles apoios
visíveis que, bem o sabemos, um dia nos hão seguramente de falhar.
Essa hesitação torna a verdadeira oração impossível – nunca
chega a ousar pedir algo ou, se pede, está tão incerta de ser
ouvida que, em cada ato de petição, procura fraudulentamente
construir, pela prudência humana, uma resposta provisória, que lhe
satisfaça (cf. Tg 1,5-8).
De que adianta orar se,
em cada momento da oração, temos tão pouca confiança em Deus, que
nos ocupamos em fazer planos para dar uma resposta ao nosso gosto à
nossa oração?”
Thoughts in Solitude, de Thomas Merton
(Farrar, Straus and Giroux Publishers, New York), 1958.
No Brasil: Na liberdade da solidão, (Editora Vozes, Petrópolis), 2001. p.29 e 30(Farrar, Straus and Giroux Publishers, New York), 1958.
Um comentário:
a nossa liberdade está em realmente em arriscar tudo por Ele.
Na caminhada o que nos basta é a esperança de que tudo passa somente Ele é o Senhor de tudo.
Postar um comentário