“ Nossa vocação não consiste simplesmente em ser, e sim em trabalhar em união com Deus na criação de nossa própria vida, nossa identidade, nosso destino. Somos seres livres e filhos de Deus. Quer isso dizer que não temos de existir passivamente, mas devemos participar ativamente da liberdade criadora de Deus em nossa vida e na vida dos outros, escolhendo a verdade. Falando com maior nitidez, diremos que somos até chamados a participar da ação criadora de Deus, criando a verdade de nossa identidade. Podemos fugir a essa responsabilidade, brincando com máscaras — e isso nos agrada, porque às vezes pode dar a impressão de ser um modo de viver livre e construtivo. É muito fácil, parece, agradar a todos. Mas, com o correr do tempo, o custo e a dor resultam muito grandes. A tarefa de encontrar a nossa própria identidade em Deus, que em linguagem bíblica é “operar a nossa salvação”, é um trabalho que requer sacrifício e angústia, risco e muitas lágrimas. Exige atenção rigorosa à realidade, a cada instante, e grande fidelidade a Deus, tal como ele se revela a nós, obscuramente, no mistério de cada nova situação.”
New Seeds of Contemplation, de Thomas Merton
(New Directions, New York), 1972. p. 32New Seeds of Contemplation, de Thomas Merton
No Brasil: Novas sementes de contemplação (Editora Fissus, Rio de Janeiro). 2001. p. 40
Reflexão da semana de 20-02-2006
2 comentários:
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pax!
Mui bien,
Olha eu aqui de novo, saindo na frente em mais um comentário!
Esse trecho é nitroglicerina pura!!
Merton toca num ponto muito difícil de ser descoberto e compreendido: a nossa própria identidade em Deus. As lagrimas, a angustia e os sacrifícios são as companheiras daqueles que sem metem nessa empreitada, dessa busca de encontrar Deus em si.
É justamente por isso que o homem de hoje não se atreve a dar os primeiros passos, e às vezes nem sabe que deve dá-lo para descobrir tal identidade (chego a desconfiar que nem nós temos consciência de nossa própria identidade!). Por isso tudo é que admiramos aqueles homens que se empenham nesse itinerário. Eu admiro muito Thomas Merton, pois acredito que o que foi escrito, foi primeiro vivido, e nas suas obras dá pra ver claramente que tudo que ele queria era uma conformidade de sua vida com a de Deus.
Ele, Merton, vê as coisas como realmente são; é um homem livre! Não tenho a mínima duvida de que TM tivera um pacto com a Eternidade, desconfiando até que ele seja um daqueles que mantendo as atenções voltadas para Deus, guardam as coisas com segurança e impede o universo de estourar : )
Anônima SF
A literatura de THOMAS MERTON é como uma obra - prima que valoriza o mármore, a tinta, o som e a escrita.
Suas palavras têm o poder de construir a beleza interior e nos convidam também, a um impulso para elaborarmos com a arte do Amor, a nossa imagem, gasta nas circunstâncias da vida, em que não usamos satisfatoriamente os instrumentais para a virtuosidade bem feita, dentro de nós, segundo a identidade com Deus.
O VELHO DA MONTANHA tem razão quando diz que THOMAS MERTON " vê as coisas como realmente são"... Essa "realidade" é o que poderíamos chamar de obra - prima, porque consiste na essência como filhos de Deus , na existência da identidade com Ele e na potencialidade para o ato real do Seu Amor. Aí tem tudo o que precisamos...
Agora, resta-nos pedir com o coração:
-THOMAS MERTON, ORAI POR NÓS! PARA QUE POSSAMOS LER COM A ALMA, REFLETIR COM A SENSIBILIDADE DA INTELIGÊNCIA E ATENDER O QUE É REAL EM DEUS, COM A MESMA SERENIDADE RESULTANTE DAS " SEMENTES DE CONTEMPLAÇÃO"!
Anônima SF
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