11 dezembro 2006

Redenção

“ A redenção não é simplesmente um fato histórico passado, com efeito jurídico sobre almas individuais. É uma realidade sempre presente, viva e eficaz, que penetra nas mais íntimas profundezas do nosso ser pela palavra da salvação e o mistério da fé. A redenção é o próprio Cristo ‘que se tornou para nós sabedoria e justiça de Deus, santificação e redenção’ (1Cor 1,30), vivo e partilhando Sua vida divina com Seu eleito. Ser redimido não é apenas ser absolvido da culpa diante de Deus; é também viver em Cristo, renascer pela água e pelo Espírito Santo para ser nele nova criatura, viver no Espírito.

Dizer que a redenção é uma realidade sempre presente é dizer que Cristo se apropriou do tempo e o santificou, dando-lhe caráter sacramental, fazendo dele sinal eficaz de nossa união com Deus nele. Assim, o ‘tempo’ é um meio que torna o fato da redenção presente a todos os homens.”

Seasons of Celebration, de Thomas Merton
(Farrar, Straus and Giroux, New York), 1965. p. 48-49
No Brasil: Tempo e Liturgia, (Editora Vozes, Petrópolis), 1968. p. 52-53
Reflexões da semana de 11-12-2006

Pensamento para a semana: “Jesus tornou esse vaivém de luz e trevas, atividade e repouso, nascimento e morte, o sinal de uma vida superior, vida que vivemos nele, vida que não conhece declínio e dia que não se transforma em trevas.”
Tempo e liturgia, Thomas Merton

Um comentário:

Anônimo disse...

Merton é um salmista dos tempos modernos. Como não pensar no Salmo 23 "O Senhor é meu pastor"... Dois temas importantes aparecem aqui: a humildade que leva à esperança, uma esperança que é verdadeira porque é e se mostra humilde. Onde há a certeza do que se faz e para onde se vai, há o perigo do fetichizar Deus, controlá-lo fazendo-o responder à nossa vontade, à nossa imagem e semelhança. Mas o Deus de Elias, o Deus de Pascal, é um mistério inascessível que, porém, se revela no rosto humano de Jesus. Estranho paradoxo? Não!, santa natureza divina. Por isso Jesus é o caminho, porque ele revela o Pai. Mas a revelação é antes um apontar. À pergunta de Jesus "E vocês, para vocês, quem eu sou?" nos coloca novamente no santo mistério, que nos confronta com nosso falso eu, decaído, e que por cair agora de joelhos, no ambiente da fé, pode abrir-se para o amor e a misericórdia. Por isso, só podemos nos jogar nos braços desse Outro quando nos perdemos a nós mesmos. Enquanto não nos sentirmos perdidos, confiaremos mais em nós do que n'Ele.