Anotação de Merton em seus diários, em 31 de janeiro de 1965, quando completou 50 anos de idade. Já passando bastante tempo no eremitério, lá passou a viver em tempo integral a partir de 15 de agosto de 1965, na festa de São Bernardo de Claraval:
“ Recolhido em minha casa, repousarei junto dela, porque sua convivência nada tem de desagradável, e sua intimidade, nada de fastidioso; ela traz consigo, pelo contrário, o contentamento e a alegria (Sabedoria 8,6).
Não posso imaginar maior causa de gratidão em meu qüinquagésimo aniversário do que ter acordado neste dia em um eremitério! (…) Ontem à noite, antes de me deitar, percebi o que a solidão realmente significa: é quando as cordas são largadas e o barco não está mais atado à terra, mas ruma para o mar sem amarras, sem restrições! Não o mar da paixão, mas, ao contrário, o mar de pureza e amor que é sem preocupação. (Em meio ao frio e à escuridão, ouço o toque do Angelus no mosteiro.) O belo resplendor de uma jóia no mel da luz do lampião. Festa!”
“ Recolhido em minha casa, repousarei junto dela, porque sua convivência nada tem de desagradável, e sua intimidade, nada de fastidioso; ela traz consigo, pelo contrário, o contentamento e a alegria (Sabedoria 8,6).
Não posso imaginar maior causa de gratidão em meu qüinquagésimo aniversário do que ter acordado neste dia em um eremitério! (…) Ontem à noite, antes de me deitar, percebi o que a solidão realmente significa: é quando as cordas são largadas e o barco não está mais atado à terra, mas ruma para o mar sem amarras, sem restrições! Não o mar da paixão, mas, ao contrário, o mar de pureza e amor que é sem preocupação. (Em meio ao frio e à escuridão, ouço o toque do Angelus no mosteiro.) O belo resplendor de uma jóia no mel da luz do lampião. Festa!”
The Intimate Merton, editado por Jonathan Montaldo e Patrick Hart, OCSO
(HarperSanFrancisco, San Francisco, CA), 1999. p. 235-236
No Brasil: Merton na Intimidade (Editora Fissus, Rio de Janeiro), 2001. p. 269-270
Reflexão especial de 31-01-2007
Um comentário:
A solidão, em Merton, adquire o sentido de liberdade e aventura para Deus, em seu eremitério, onde pensamos ter sido o átrio do céu em que ele está agora...
Nesse seu aniversário, poderíamos contemplá-lo com um presente, usando o seu próprio texto: basta trocarmos a palavra “barco”, pela palavra “estrela”.
O primeiro é um instrumento de emigração para algum horizonte e o segundo é uma propriedade iluminada do cosmos, inteiramente disponível a sua presença poética, mística, adorável e santa, que procura muito mais que um horizonte, porque seu objetivo sempre foi o infinito!
Sonia Furquim
Postar um comentário