“ Havia um velho padre em Gethsemani – uma daquelas pessoas que existem em todas comunidades muito grandes – que era visto como uma espécie de sujeito engraçado. Na verdade, ele era um santo. Sua morte foi bela e, depois que morreu, todos perceberam o quanto o amavam e admiravam, embora ele tivesse feito, constantemente, tudo errado durante sua vida. Era absolutamente obcecado por jardinagem, mas por muito tempo teve um abade que insistia em que ele devia fazer qualquer coisa, menos jardinagem, por uma questão de princípio; pois fazer o que você gostava significava seguir a vontade própria. O Padre Stephen, contudo, não conseguia deixar de mexer no jardim. Era proibido, mas a gente o via plantando coisas sub-repticiamente. Por fim, quando o velho abade morreu e veio o novo, ficou tacitamente entendido que o Padre Stephen nunca faria nada além da jardinagem, e assim o incluíram na lista de tarefas como jardineiro, e ele só fazia jardinagem de manhã à noite. Nunca ia ao Ofício, nunca ia a nada, apenas cavava em seu jardim. Ele colocou toda a sua vida ali e todos meio que riam disso. Mas ele fazia coisas muito boas – por exemplo, quando os teus pais vinham te visitar, e você ouvia um farfalhar entre os arbustos como se um alce estivesse se aproximando, o Padre Stephen surgia apressado com um grande buquê de flores.
Na festa de São Francisco de três anos atrás, ele estava vindo do jardim próximo da hora do jantar, entrou em outro jardinzinho, se deitou no chão sob uma árvore, perto de uma estátua de Nossa Senhora, e alguém passou e pensou: ‘o que será que ele está fazendo agora?’ E o Padre Stephen olhou de volta, para cima, acenou e morreu. No dia seguinte, no seu funeral, os pássaros cantavam, o sol brilhava e foi como se toda a natureza estivesse ali com o Padre Stephen. Ele não teve de ser diferente dessa maneira: essa foi a maneira como aconteceu. Este foi um desenvolvimento frustrado, desviado para um canalzinho engraçado, mas o verdadeiro sentido de nossas vidas é desenvolver pessoas que realmente amem a Deus e irradiem amor, não no sentido de que sintam muito amor, mas de que simplesmente sejam pessoas cheias de amor que mantêm a chama do amor acesa no mundo. Para isto, têm de ser pessoas plenamente unificadas e plenamente elas mesmas – pessoas de verdade.”
Thomas Merton in Alaska, de Thomas Merton
(New Directions Publishing Corp., New York), 1988, p.148-149
Reflexão da semana de 05-11-2007
Um pensamento para reflexão: “O propósito da vida monástica é criar uma atmosfera na qual as pessoas se sintam livres para expressar sua alegria de maneiras razoáveis. O que estamos realmente buscando é a integração e unificação finais do homem no amor.”
Thomas Merton in Alaska
4 comentários:
Como é importante vir aqui e encontrar a Boa Nova sempre presente ,mesmo que não se fale expressamente dela.Obrigada por partilhar o monge Tomás connosco.
Uma GRANDE verdade aqui nos foi deixada. Como sempre, palavras simples mas de uma profundidade tamanha. Quanto mais aqui venho e, a "lugares" semelhantes, mais admiro a vida "simples" monastica. Quanto aos livros já editados, aqui em Portugal não consigo encontrar. Sei que não será de todo correcto mas, alguém tem alguns destes admiraveis livros em suporte informático que me possam facultar?
Paulo,
Ignoramos a existência de livros de Merton na internet cuja eventual publicação, como sabemos, fere as leis internacionais de direitos autorais.
Você encontrará alguns livros de Merton em Portugal numa filial da Editora Vozes, em Lisboa. Eis o endereço:
Av. 5 de Outubro, 23
R/C 1050-047 – Lisboa
Tel.: (00**351 21) 355-1127
Fax: (00**351 21) 355-1128
E-mail: vozes@mail.telepac.pt
Cremos também, que outras editoras brasileiras que vendem pela internet, poderão lhe remeter livros para Portugal a um custo razoável devido à forte cotação do Euro em relação a moeda brasileira.
Veja uma lista dos livros sendo publicados em português (no Brasil) em http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=147978&tid=2431300590921585186
minha nossa, essa acertou na mosca
;)
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