“ A parábola do Bom Samaritano é uma revelação de Deus numa palavra que tem grande importância através de todas as Escrituras, do início ao fim. É uma revelação do que o profeta Oséias diz, falando pelo Deus invisível: ‘a misericórdia e não o sacrifício’. O que é essa misericórdia da qual se fala em toda parte nas Escrituras e especialmente nos Salmos? A Vulgata faz ouvir a palavra misericórdia como o toque profundo de um sino de catedral. Misericórdia é o burden* ou o ‘bourdon’, é o som baixo e em surdina de toda a Bíblia. Mas a palavra hebraica que traduzimos como misericórdia diz muito mais do que apenas misericórdia.
Chesed (misericórdia) é também fidelidade e fortaleza. É a misericórdia fiel e indefectível de Deus. É o fundamental, aquilo que não falha, porque é o poder que une uma pessoa a outra, numa aliança de vontades. É o poder que nos une a Deus, porque Ele nos prometeu a sua misericórdia e jamais falhará em sua promessa, porque Ele não pode falhar. É o poder e a misericórdia que mais o caracterizam, que mais se aproximam do mistério no qual penetramos quando todos os conceitos se obscurecem e nos escapam.”
* Burden (inglês) ou bourdon (francês) é em português bordão. Significa o som mais baixo em certos instrumentos; nome dado às cordas mais grossas de vários instrumentos. Em alemão Unterton.
Seasons of Celebration, de Thomas Merton
(Farrar, Straus and Giroux, New York), 1965. p. 175
No Brasil: Tempo e Liturgia, (Editora Vozes, Petrópolis), 1968. p. 179
Reflexão da semana de 07-04-2008
Um pensamento para reflexão: “Cada dia é uma nova aurora daquele lumen Christi, a luz de Cristo que não conhece o ocaso.”
Tempo e Liturgia, Thomas Merton
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