04 maio 2009

Travessuras de um monge

“Ontem, o Padre Celereiro [ecônomo do mosteiro] emprestou-me o jipe. Não o pedi, ele me emprestou por pura bondade de seu coração, para que eu pudesse ir até o lado mais distante das colinas. Eu nunca tinha dirigido antes... Ontem peguei o jipe e fui embora alegremente pelo bosque. Tinha chovido muito. Todos os caminhos estavam enlameados. Levei algum tempo para descobrir como acionar a tração dianteira. Derrapei e caí em valas, tornei a sair, atravessei arroios, atolei na lama, bati em árvores e uma vez, quando estava na estrada principal, o motor afogou quando eu estava tentando desengatar a tração dianteira e acabei atravessado no meio da estrada enquanto um carro descia a ladeira direto em direção a mim. Graças a Deus continuo vivo. Naquela hora eu não parecia me importar em viver ou morrer. Dirigi o jipe loucamente pelo bosque, em uma névoa rosada de confusão e delícia. Sacolejamos sobre toscas pontes de madeira e eu disse 'Oh, Maria, eu te amo' ao passar por poças de um palmo e meio de profundidade, correndo como um louco pelo mato baixo e saindo de novo.

Por fim trouxe aquela coisa de volta ao mosteiro coberta de lama de cabo a rabo. Durante as Vésperas fiquei no coro tonto com o pensamento de 'eu dirigi um jipe'.”

Entering the Silence, Journals volume 2, de Thomas Merton
Editado por Jonathan Montaldo
(HarperSanFrancisco, San Francisco), 1997, p. 387.
Reflexão da semana de 04-05-2009

Um pensamento para reflexão: “O Padre Celereiro só me fez um sinal de que nunca, em hipótese alguma, eu deveria sair outra vez com o jipe.”
Entering the Silence, Thomas Merton

Um comentário:

Daissen Spa - Refeições Balanceadas disse...

Como é maravilhosa uma boa gargalhada contemplativa!!!
Bia