18 março 2014

Epifania de Thomas Merton

Em Louisville, em uma esquina de Fourth e Walnut, no centro comercial da cidade, fui subitamente tomado pela consciência de que eu amava todas aquelas pessoas, que eram minhas e eu era delas, que não poderíamos ser estranhos uns aos outros embora fôssemos totalmente desconhecidos (...) Tenho a imensa alegria de ser humano, de pertencer a uma espécie na qual o próprio Deus se encarnou. Como se os pesares e estupidez da condição humana pudessem me esmagar agora que percebo o que todos nós somos. Ah, se todo mundo pudesse dar-se conta disto! Mas isto não pode ser explicado. Não há como dizer às pessoas que todas elas andam pelo mundo brilhando como o sol!”

Reflexões de um espectador culpado, Thomas Merton (Vozes, Petrópolis), 1970. p. 181

Assista ao vídeo produzido pela 
Sociedade dos Amigos Fraternos de Thomas Merton 
por ocasião do 56º aniversário deste acontecimento.

 

3 comentários:

Margarida Duarte disse...

Sim, como vivo atualmente constante expectativa da melhora de meu marido que sofre com um câncer há cinco anos, vivo a alegria de ser uma filha de Deus que tem a chance de estar Viva, mas Viva na Vida de Deus, no caminho que nos leva a enxergar o que existe além! Cada momento e único, na quarta-feira de cinzas senti a presença de Jesus em todo meu ser, partilhando minha alma! Na Santa Eucaristia momento de total abandono, um transbordar de Vida, renascimento, pois senti no primeiro dia da quaresma a certeza do dia seguinte. Não existe sensação melhor do que o saber!!! Realmente somos luz de Cristo!

Obrigado
Deus te abençoe sempre

Abraço fraterno


Margarida Duarte

M.T. disse...

Compartilhar minha experiência é algo que tenho feito há pouco tempo, com raras pessoas. Como foi a coisa mais extraordinária que me aconteceu, guardava minha 'epifania' só para mim, menos por temer que fosse considerada louca do que por um certo pudor em dividir algo tão íntimo.

Tive, na verdade, algumas experiências, que me acometiam(!) nos lugares mais inesperados: certa vez, estava na fila do caixa do supermercado! Mas a primeira e maior foi em novembro ou dezembro de 2009, quando estava sentada na cadeira de balanço da varanda da casa de minha mãe. Não tenho a mínima ideia de quanto tempo durou; uma eternidade, talvez? Ou meia-hora.

Não tenho como descrever, até porque não existem parâmetros, mas posso garantir que me tornei outra pessoa imediatamente depois. Ou, para ser mais precisa, deixei de ser tudo o mais e passei a ser, finalmente, eu mesma.

Quando li a experiência de Merton em sua autobiografia, chorei muito, por pura identificação. E ele, um exímio escritor, soube descrevê-la muito bem.

Louvado seja Deus. Amém.

Maria-Portugal disse...

Li o texto de Tomás Merton, que falava numa epifânia ao encontrar as outras pessoas, com quem se cruzava na rua e sentia a presença do comum Criador...desde aí também o lembro quando estou nas filas dos supermercados e é curioso como passaram a ter outra dimensão ao vê-los desse modo.