20 março 2006

Sem nada para dizer

“ Na sociedade tecnológica, na qual os meios de comunicação e significação tornaram-se fabulosamente versáteis e estão à beira de um desenvolvimento ainda mais prolífico - graças ao computador com sua memória inesgotável e sua capacidade de absorção imediata e organização dos fatos -, a natureza mesma e o uso da própria comunicação tornam-se inconscientemente simbólicos. Embora agora tenha a capacidade de comunicar instantaneamente qualquer coisa em qualquer lugar, o homem se descobre sem nada para dizer. Não é que não haja muitas coisas que poderia comunicar, ou deveria tentar comunicar. Ele deveria, por exemplo, ser capaz de encontrar-se com o seu semelhante e debater os meios de construir um mundo pacífico. É incapaz desse tipo de confronto. Em vez disso, dispõe de mísseis balísticos intercontinentais que podem levar a morte nuclear a dezenas de milhões de pessoas em poucos instantes. Esta é a mensagem mais sofisticada que o homem moderno parece ter para transmitir ao seu semelhante. Ela é, claro, uma mensagem sobre ele mesmo, sua alienação de si e sua incapacidade de entrar em acordo com a vida.”

Love and Living, de Thomas Merton
Editado por Naomi Burton Stone e Patrick Hart, OCSO
(A Harvest/HBJ Book, Harcourt Brace Jovanovich, San Diego, New York, London), 1985. p. 64-65
No Brasil: Amor e Vida, (Martins Fontes Editora, São Paulo), 2004. p. 69
Reflexão da semana de 20-03-2006

2 comentários:

Anônimo disse...

pessoalmente acho que acompanhando oeste ritmo alucinado do evolução científica devemos usar a síntese na expressão falada e escrita, essa mesma síntese composta de conteúdo porém pre- e ipso facto elaborado.

Anônimo disse...

no mundo da net ainda temos como fazer escolhas, já à tevê aberta ficam crianças e adolescentes presos numa rotina que deveria ser censurada de toda por falta de conteúdo humano baseado em princípios. Triste de quem não encontra outra distração, por simples que seja.
heverton