13 novembro 2006

A função da disciplina

“ O treinamento e a disciplina das nossas faculdades e do nosso ser destina-se a aprofundar e ampliar nossa capacidade de experiência, de consciência, de compreensão, de uma vida mais elevada, de uma vida ‘em Cristo” e ‘no Espírito’ mais profunda e autêntica. A disciplina não visa apenas à perfeição moral (desenvolvimento da virtude como um fim em si), mas também à auto-transcendência, à transformação em Cristo ‘de glória em glória, segundo a ação do Espírito do Senhor’ (São Paulo). A morte e crucifixão do antigo eu, do homem rotineiro que leva uma vida social egoísta e convencional, leva à Ressurreição em Cristo de um ‘homem totalmente novo’ que é ‘um só espírito’ com Cristo. Esse homem novo não é apenas o homem velho possuidor de um certificado legal que lhe dá direito a um prêmio. Ele não é mais o mesmo, e sua recompensa é precisamente essa transformação que faz dele não mais o sujeito isolado de um prêmio limitado, e sim, ‘um com Cristo’ e, em Cristo, com todos os homens e mulheres. Portanto, o propósito da disciplina não é só nos ajudar a “ligar” e entender as dimensões interiores da existência, e sim transformar-nos em Cristo de tal modo que transcendamos inteiramente existência rotineira. (Ao transcendê-la, contudo, redescobrimos seu valor existencial e sua solidez. Transformação não é repúdio da vida comum, mas sua redescoberta definitiva em Cristo).”

Contemplation in a World of Action, de Thomas Merton
(Garden City, NY: Doubleday), 1971. p.117
No Brasil: Contemplação num Mundo de Ação (Ed. Vozes, Petrópolis), 1975, p. 105
Reflexão da semana de 13-11-2006

O pensamento do dia: “A verdadeira função da disciplina não é prover-nos de mapas, mas dar maior acuidade ao nosso sentido de direção. Isso para que, ao nos empenhar realmente na caminhada, possamos viajar sem mapas.”
Contemplação num Mundo de Ação, Thomas Merton

Um comentário:

fernando macedo disse...

obrigado pelos textos.
abraço