“ Basicamente, a disciplina que se trata aqui, outra coisa não é senão a crucificação que elimina um tipo de experiência superficial e egoísta, abrindo-nos à liberdade de uma vida que não é dominada por egoísmo, vaidade, obstinação, paixão, agressividade, inveja e avareza. Enfim, disciplina significa uma espécie de solidão, não no sentido de um retraimento egoísta, e sim no de um vazio que não mais acalenta a sensação de conforto oferecida pelos diversos ‘ídolos’ sociais e que não é uma escrava que depende da aprovação de outros. Numa solidão assim, aprende-se a não procurar o amor, mas a dá-lo. A maior necessidade que se tem não é mais a de ser amado, compreendido, aceito, perdoado, e sim a de compreender, amar, perdoar e aceitar os outros como eles são, para ajudá-los a se transcenderem no amor.”
Contemplation in a World of Action, de Thomas Merton
(Garden City, NY: Doubleday), 1971. p.131-132
No Brasil: Contemplação num Mundo de Ação (Ed. Vozes, Petrópolis), 1975, p. 119
Reflexão da semana de 27-11-2006
O pensamento da semana: “Nossa disciplina deve levar-nos a descobrir não até que ponto temos razão, mas o quanto estamos errados.”
Contemplação num mundo de ação, Thomas Merton
Um comentário:
Belíssima reflexão do grande mestre da espiritualidade Thomas Merton. O que mais deixa-me impressionado nesta sua reflexão é dizer que a maior necessidade do ser humano é aprender a perceber no outro os valores que conduzem à vida porque se ficar apenas na busca de mim mesmo não serei capaz de superar a mim mesmo e muito menos sentir com o outro. O mundo precisa urgentemente deixar ser modelado pelo espírito de vida, de vida nova.
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