“ A meditação não nos oferece necessariamente uma visão privilegiada do significado de eventos históricos isolados. Estes podem continuar a ser um mistério angustiante para os cristãos tanto quanto para qualquer um. Para nós, contudo, o mistério contém, em sua própria escuridão e seus próprios silêncios, uma presença e um significado que captamos sem os entendermos por completo. E, através deste contato espiritual, deste ato de fé, situamo-nos adequadamente em relação aos fatos que nos rodeiam, mesmo sem ver com clareza aonde vão.
Uma coisa é certa: a humildade da fé, se acompanhada das conseqüências pertinentes — a aceitação do trabalho e do sacrifício requeridos por esta tarefa providencial — serão muito mais eficazes em nos lançar no pleno curso da realidade histórica do que as pomposas racionalizações dos políticos que se consideram, de alguma forma, como condutores e manipuladores da história. Os políticos podem, sim, fazer história, mas o significado do que estão fazendo é, inexoravelmente, algo como um idioma que jamais entenderão e que contraria seus próprios programas e transforma todas as suas realizações em uma paródia absurda de suas promessas e ideais.
Sem dúvida, é verdade que a religião num nível superficial, a religião que é infiel a si mesma e a Deus, pode facilmente tornar-se o ‘ópio do povo’. Isto acontece sempre que a religião e a oração invocam o nome de Deus por motivos e com propósitos que nada têm a ver com Ele. Quando a religião se constitui numa mera fachada artificial para justificar um sistema social ou econômico — quando a religião empresta seus ritos e sua linguagem para os propagandistas políticos e quando a oração vem a ser um veículo para um programa ideológico puramente secular, então, sim, a religião se torna um opiáceo. Amortece o espírito a ponto de permitir que a ficção e a mitologia substituam a verdade da vida. E isso acarreta a alienação do fiel, de forma que seu zelo religioso torna-se fanatismo político. Sua fé em Deus, ao preservar fórmulas tradicionais torna-se, de fato, fé na sua própria nação, classe ou raça. Sua ética deixa de ser a lei de Deus e do amor e se transforma na ‘lei do mais forte’: o privilégio estabelecido justifica tudo. Deus está no status quo.”
Contemplative Prayer, de Thomas Merton
(Doubleday, New York), 1996, p. 112-113
Uma coisa é certa: a humildade da fé, se acompanhada das conseqüências pertinentes — a aceitação do trabalho e do sacrifício requeridos por esta tarefa providencial — serão muito mais eficazes em nos lançar no pleno curso da realidade histórica do que as pomposas racionalizações dos políticos que se consideram, de alguma forma, como condutores e manipuladores da história. Os políticos podem, sim, fazer história, mas o significado do que estão fazendo é, inexoravelmente, algo como um idioma que jamais entenderão e que contraria seus próprios programas e transforma todas as suas realizações em uma paródia absurda de suas promessas e ideais.
Sem dúvida, é verdade que a religião num nível superficial, a religião que é infiel a si mesma e a Deus, pode facilmente tornar-se o ‘ópio do povo’. Isto acontece sempre que a religião e a oração invocam o nome de Deus por motivos e com propósitos que nada têm a ver com Ele. Quando a religião se constitui numa mera fachada artificial para justificar um sistema social ou econômico — quando a religião empresta seus ritos e sua linguagem para os propagandistas políticos e quando a oração vem a ser um veículo para um programa ideológico puramente secular, então, sim, a religião se torna um opiáceo. Amortece o espírito a ponto de permitir que a ficção e a mitologia substituam a verdade da vida. E isso acarreta a alienação do fiel, de forma que seu zelo religioso torna-se fanatismo político. Sua fé em Deus, ao preservar fórmulas tradicionais torna-se, de fato, fé na sua própria nação, classe ou raça. Sua ética deixa de ser a lei de Deus e do amor e se transforma na ‘lei do mais forte’: o privilégio estabelecido justifica tudo. Deus está no status quo.”
Contemplative Prayer, de Thomas Merton
(Doubleday, New York), 1996, p. 112-113
Reflexão da semana de 06-11-2006
O pensamento do dia: “A oração não nos cega ao mundo, mas transforma nossa visão do mundo e nos faz vê-lo, assim como ver todos os homens e toda história da humanidade, à luz de Deus. Orar em ‘espírito e verdade’ nos permite entrar em contato com aquele amor infinito, aquela liberdade impenetrável que está por trás das complexidades e dificuldades da existência humana.”
Contemplative Prayer, Thomas Merton
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