22 janeiro 2007

Fantasias morais

“ Torna-se cada vez mais difícil avaliar a moralidade de uma ação que leva à guerra, porque é cada vez mais difícil saber precisamente o que está acontecendo. Não só a guerra é, cada vez mais, assunto para especialistas que operam um maquinário fantasticamente complexo, como, acima de tudo, há a questão do sigilo absoluto em tudo que afete seriamente a política de defesa. Podemos nos entreter lendo os relatórios na mídia e imaginar que esses ‘fatos’ são base suficiente para formar um juízo moral a favor ou contra a guerra. Mas, na realidade, estamos apenas elaborando fantasias morais num vazio. Seja qual for nossa decisão, permaneceremos completamente à mercê do poder governamental, ou melhor, do poder anônimo de gerentes e generais que estão por trás da fachada do governo. Não temos meios de influenciar diretamente as decisões e políticas criadas por essas pessoas. Na prática, temos de nos limitar a uma fé cada vez mais cega que cada vez mais se resigna a confiar nas ‘autoridades legitimamente constituídas’, sem ter a mais vaga idéia do próximo passo que a autoridade poderá dar. Essa condição de irresponsabilidade e passividade é extremamente perigosa. Dificilmente levará a uma genuína moralidade.”

Passion for Peace: The Social Essays of Thomas Merton
Editado porWilliam H. Shannon
(The Crossroad Publishing Company, New York, NY), 1995. p. 113-114
Reflexão da semana de 22-01-2007
Um pensamento para reflexão: “Costumávamos ter uma reputação inatacável entre os povos menos desenvolvidos do mundo. Éramos considerados os legítimos defensores da liberdade, da justiça e da paz, a esperança do futuro. Nosso ódio, nossa ignorância e nossa frustração nos fizeram perder esta tremenda vantagem [escrito em 1962]”
Passion for Peace: The Social Essays of Thomas Merton

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito atual esse trecho que Merton escreve!
Tenho visto nos jornais o acuamento do presidente Bush pela a opinião pública. Ele quer mandar mais 20 mil homens pro Iraque para o que ele chama de "a luta ideológica definitiva de nossa época". Um novo plano que tenta conquistar mais a opinião do povo americano do que os interesses dos civis do Iraque. Eis um novo barril de póvora, prestes a esplodir!
Thomas Merton, mais uma vez voce estava certo!