"O
que estou dizendo é o seguinte: marcar pontos não é o que importa. A vida não tem
de ser considerada um jogo no qual se contam os pontos e alguém ganha. Se você
estiver preocupado demais em ganhar, não se divertirá jogando. Se estiver
obcecado demais com o sucesso, irá se esquecer de viver. Se você só aprendeu
como ser um sucesso, provavelmente desperdiçou sua vida. Se uma universidade se
concentra em produzir pessoas bem-sucedidas, está lamentavelmente falhando na
sua obrigação para com a sociedade e para com os próprios estudantes."
28 dezembro 2015
22 dezembro 2015
Feliz Natal
A
Sociedade dos Amigos Fraternos de Thomas Merton deseja a todos os seus
associados, assinantes e simpatizantes um abençoado e santo Natal.
Que a Luz do
filho de Deus nos traga a perseverança na fé, na esperança e na caridade.
“E a Palavra se fez homem
E habitou entre nós.
E nós contemplamos a sua glória:
Glória do Filho único do Pai.
Cheio de amor e fidelidade.”
(Jo 1, 14)
21 dezembro 2015
Viver na verdade
"Não
devemos nos esquecer da dimensão da relação com os outros. A verdadeira
liberdade é abertura, disponibilidade, capacidade de dom. Mas devemos também
lembrar que a dificuldade dialética da fidelidade aos outros na fidelidade a si
mesmo requer que transponhamos os véus da infidelidade que, como egoístas
individuais ou como uma comunidade egoísta, instalamos para nos impedir de
viver na verdade."
Amor e vida, Thomas Merton (Editora Martins
Fontes), 1ª Ed. 2004, pág. 9
14 dezembro 2015
Identidade
"Como
existencialista cristão, ao falar de 'alma' não estou me referindo simplesmente
à forma essencial aristotélica, mas à identidade pessoal madura, o fruto
criativo de uma busca autêntica e lúcida, o “eu” que se encontra depois que
outros eus parciais e exteriores foram descartados como máscaras."
Amor e vida, Thomas Merton (Editora Martins
Fontes), 1ª Ed. 2004, pág. 4
07 dezembro 2015
Salvando-se do falso eu
"A
função da universidade é, então, antes de tudo, ajudar o estudante a descobrir
a si mesmo: reconhecer-se e identificar quem é que escolhe.
Esta descrição será imediatamente reconhecida como não-convencional e, de fato, monástica. Para dizer isso em termos ainda mais chocantes, a função da universidade é ajudar homens e mulheres a salvar suas almas e, ao fazê-lo, salvar sua sociedade: do que? Do inferno da falta de sentido, da obsessão, do artifício complicado, da mentira sistemática, das negligências e das evasões criminosas, das futilidades auto-destrutivas."
Amor e vida, Thomas Merton (Editora Martins
Fontes), 1ª Ed. 2004, pág. 4
30 novembro 2015
Amando-os com algo da pureza...
"E
é esse o mistério da nossa vocação: que não deixemos de ser homens para nos
tornarmos anjos ou deuses, mas que o amor de meu coração de homem se possa
tornar o amor de Deus por Deus e pelos homens, e minhas lágrimas humanas possam
cair de meus olhos como lágrimas do próprio Deus, porque brotam pela moção de
seu espírito no coração de seu filho encarnado. Assim o dom de piedade cresce
na solidão, alimentado pelos salmos.
Quando
se aprende isso, nosso amor pelos outros se torna puro e forte. Podemos ir ao
seu encontro sem vaidade nem espírito de autocomplacência, amando-os com algo
da pureza, da mansidão e do escondimento do amor de Deus por nós.
Esse
é o verdadeiro fruto e o verdadeiro escopo da solidão cristã."
Na liberdade da
solidão,
Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2014, pág. 95
25 novembro 2015
Senhor, meu Deus
... não
sei para onde vou. Não vejo o caminho diante de mim. Não posso saber
com certeza onde terminará. Nem sequer, em realidade, me conheço, e o
fato de pensar que estou seguindo a Tua vontade não significa que, em
verdade, o esteja fazendo.
Mas creio que o desejo de Te agradar Te agrada realmente. E espero ter esse desejo em tudo que faço. Espero que jamais farei algo de contrário a esse desejo. E sei que, se assim fizer, Tu me hás de conduzir pelo caminho certo, embora eu nada saiba a esse respeito.
Portanto, sempre hei de confiar em Ti, ainda que me pareça estar perdido e nas sombras da morte. Não hei de temer, pois estás sempre comigo e nunca me abandonarás, para que eu enfrente sozinho os perigos que me cercam."
Mas creio que o desejo de Te agradar Te agrada realmente. E espero ter esse desejo em tudo que faço. Espero que jamais farei algo de contrário a esse desejo. E sei que, se assim fizer, Tu me hás de conduzir pelo caminho certo, embora eu nada saiba a esse respeito.
Portanto, sempre hei de confiar em Ti, ainda que me pareça estar perdido e nas sombras da morte. Não hei de temer, pois estás sempre comigo e nunca me abandonarás, para que eu enfrente sozinho os perigos que me cercam."
Thoughts in Solitude, de Thomas Merton
(Farrar, Straus and Giroux Publishers, New York), 1958.
No Brasil: Na liberdade da solidão, (Editora Vozes, Petrópolis), 2001. p. 66
(Farrar, Straus and Giroux Publishers, New York), 1958.
17 novembro 2015
O sentido da vida
"O sentido todo da vida consiste em espiritualizar nossas atividades pela humildade e a fé, e em silenciar nossa natureza pela caridade."
Na liberdade da solidão, Thomas Merton (Vozes, 2001). p. 90
10 novembro 2015
Refreando nossa língua
Para viver com Deus é necessário refrear constantemente nossa inclinação para falar e moderar nossos desejos de comunicação com outros, mesmo sobre Deus.
Todavia, não é difícil viver em comunhão ao mesmo tempo com os outros e com Deus, contanto que os encontremos Nele.
Na liberdade da solidão, Thomas Merton (Vozes, 2001). p. 88
03 novembro 2015
A paixão desordenada
“A
ação tão delicada da graça na alma é profundamente perturbada por toda
violência humana. A paixão, quando desordenada, faz violência contra o
espírito, e sua mais perigosa violência é aquela na qual parecemos
encontrar paz.
Na liberdade da solidão, Thomas Merton (Vozes, 2001). p. 86
27 outubro 2015
Vida de gratidão
"Vivemos em constante dependência dessa misericordiosa bondade do Pai; assim, nossa vida toda é vida de gratidão - uma contínua resposta à sua ajuda, que a cada momento nos é concedida. Creio que todos descobrem isso, seja qual for sua vocação, contanto que seja a sua verdadeira vocação."
20 outubro 2015
Teresa, por Thomas Merton
"Já que a santidade e a contemplação aperfeiçoam toda a pessoa humana, não surpreende que alguns dos maiores místicos se tenham caracterizado pela ternura humana, vivacidade de espírito e bom senso. Todas essas qualidades naturais, a graça as transformou na alma de Teresa de Ahumada, para fazer dela uma das mais atraentes personalidades da Igreja. Como Reformadora das Carmelitas, ela combinou com a sua vida contemplativa um notável talento administrativo e recursos aparentemente inesgotáveis de energia. Sua história chegou a nós em uma autobiografia que se situa entre as maiores produções da literatura espanhola, embora as suas outras obras não sejam menos admiráveis."
(...)
Teresa tinha uma noção claramente apostólica da vida contemplativa. Acreditava que as suas monjas, pela vida de oração e sacrifício, deviam fazer muito pela dissipação da confusão religiosa do século XVI, pela salvação das almas e a unidade da Igreja Católica. É extremamente significativo que um dos mais belos frutos da Contra-reforma fosse um Ordem em que a oração contemplativa em sentido estrito era não só realçada mas adotada como um fim."
13 outubro 2015
Não rezamos por rezar
“Não rezamos por
rezar, mas para sermos ouvidos. Não rezamos para ouvir-nos rezando, mas
para que Deus possa nos ouvir e responder. E não rezamos para receber qualquer resposta: tem de ser a resposta de Deus.”
05 outubro 2015
O que temos em comum?
“O
que todas as almas verdadeiramente contemplativas tem em comum não é o
fato de reunirem-se exclusivamente no deserto, nem o de permanecerem em
reclusão,
mas sim o de estarem lá onde Ele está. E como O encontram? Com técnica?
Não existe técnica para encontrá-Lo. Elas O encontram por Sua vontade. E
Sua vontade, concedendo-lhes a graça interior e organizando o exterior
de suas vidas, leva-as, de modo infalível, ao lugar exato onde O podem
encontrar. Mesmo assim, não sabem como lá chegaram ou o que estão
realmente fazendo.”
Na liberdade da
solidão,
Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2014, pág. 75
28 setembro 2015
Atitude
"Recebemos
o Cristo ouvindo a palavra da fé. Trabalhamos na obra da nossa salvação em
silêncio e na esperança; mais cedo ou mais tarde, porém, chega a hora em que
devemos abertamente confessá-lo diante dos homens e, em seguida, diante de
todos os que habitam o céu e a terra."
Na liberdade da
solidão,
Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2014, pág. 72
25 setembro 2015
Francisco, por que Dorothy e Merton?
O discurso histórico do Papa Francisco no Congresso dos Estados Unidos, na manhã de ontem (24 de setembro de 2015), demonstrou familiaridade com a história americana ao mencionar dois gigantes cuja as vidas poderiam servir de inspiração para o desordenado mundo em que vivemos. Foram duas escolhas óbvias: Abraham Lincoln e Martin Luther King. Além destes, outros dois nomes “desconhecidos” foram citados: Dorothy Day e Thomas Merton.
Diante da euforia num primeiro momento, surge a pergunta: Papa Francisco, por que
Thomas Merton e Dorothy Day?
Não haveria momento mais oportuno, após a aula
dada por Francisco aos congressistas, para re-apresentar estas duas personalidades.
Dorothy nos é apresentada pelo Sumo Pontífice
nos seguintes termos:
“Nestes tempos em que as preocupações sociais são tão importantes, não posso deixar de mencionar a Serva de Deus Dorothy Day (…). O seu compromisso social, a sua paixão pela justiça e pela causa dos oprimidos estavam inspirados pelo Evangelho, pela sua fé e o exemplo dos Santos.”
Dorothy Day (1897-1980), fundadora do movimento
social Catholic Worker, desde sempre foi comprometida com os direitos dos
"últimos" nos EUA em nome do Evangelho.
Uma fiel também marcada pelo drama de um aborto antes da sua própria
conversão, hoje no caminho da santidade: a Arquidiocese de Nova
York, anos atrás, abriu o seu processo de beatificação.
Merton e Dorothy trocaram várias correspondências, muitas delas
podendo ser encontradas nos livro “All the Way to Heaven: TheSelected Letters of Dorothy Day” e “Thomas Merton: A Life in Letters: The Essential Collection”.
Vamos a alguns trechos:
"Em consciência, sinto que não posso, em um momento como este, continuar escrevendo só sobre questões como a meditação. Acho que devo me confrontar com as grandes questões, as questões de vida e morte. (…) O Catholic Worker é parte da minha vida, Dorothy. Tenho certeza que o mundo está cheio de pessoas que poderiam dizer o mesmo. Se não existisse o Catholic Worker, eu nunca teria entrado na Igreja Católica".
A sintonia de entendimento, a firmeza profética,
a vida cultural e espiritual brotam de suas cartas.
"No dia 25 de julho, vou para Montreal para
fazer um retiro com os interessados na família espiritual de Charles
de Foucauld", escreve Dorothy em junho de 1959. "Estou
tentando entrar tanto no movimento leigo quanto na sua associação.
Mas não tenho certeza que eles me querem". Meses depois
comunica, no dia 22 de janeiro de 1960: "Já lhe disse que sou
uma postulante na Fraternidade da Caridade de Jesus na família de
Charles de Foucauld? Reze por mim".
É muito sólido o laço entre os dois: um
encerrado no claustro da Abadia de Gethsemani, a outra no turbilhão
de marchas e de protestos na frenética Nova York do pós-guerra.
Sobre Thomas Merton, falou o Papa Francisco:
“Um século atrás, no início da I Grande Guerra que o Papa Bento XV definiu «massacre inútil», nascia outro americano extraordinário: o monge cisterciense Thomas Merton. Ele continua a ser uma fonte de inspiração espiritual e um guia para muitas pessoas. Na sua autobiografia, deixou escrito: «Vim ao mundo livre por natureza, imagem de Deus; mas eu era prisioneiro da minha própria violência e do meu egoísmo, à imagem do mundo onde nascera. Aquele mundo era o retrato do Inferno, cheio de homens como eu, que amam a Deus e contudo odeiam-No; nascidos para O amar, mas vivem no medo de desejos desesperados e contraditórios». Merton era, acima de tudo, homem de oração, um pensador que desafiou as certezas do seu tempo e abriu novos horizontes para as almas e para a Igreja. Foi também homem de diálogo, um promotor de paz entre povos e religiões.”
Estamos diante das duas pessoas
mais importantes, interessantes e influentes da história do
catolicismo norte-americano. Ambos flertaram com ideais marxistas,
para depois se encontrarem na plenitude
do amor-zênite da ética de Jesus Cristo.
Francisco pisou no solo onde um dia viveram atuais
“Marta” e “Maria”: enquanto uma trabalhava no front do
ativismo dos movimentos sociais, com foco nos trabalhadores, o outro
cantava salmos e escrevia sobre a metafísica da alma.
Apesar de suas vidas terem tomados caminhos diferentes, ambos se concentraram em questões pontuais de uma América
sem valores. Olhar para estes exemplos é comungar dos mesmos
sentimentos de um simpático Papa que, com seu carisma,
arranca aplauso até de quem é contrário a sua ideias.
Resta-nos agora redobrar a admiração com o vigor
e a ternura de Francisco, que apresentou ao mundo dois grandes
“desconhecidos” e os associou aos ideais de luta dos ilustres
Lincoln e Luther King.
Cristóvão de Sousa Meneses Júnior
Sociedade dos Amigos Fraternos de Thomas Merton
EM TEMPO:
Waldecy nos lembra que há 53 anos uma oração redigida por um certo monge trapista foi rezada no Congresso Americano:
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Diálogos com o Silêncio, Thomas Merton (Fissus, 2003) página 175 |
21 setembro 2015
O eco da humildade
"A
humildade busca o silêncio, não na inatividade, mas na atividade ordenada, na
atividade própria à nossa pobreza e incapacidade em face de Deus. A humildade
se põe em oração e encontra o silêncio através de palavras. Mas, porque nos é
natural passar das palavras ao silêncio e do silêncio às palavras, a humildade
é silenciosa em todas as coisas. Até quando fala, a humildade escuta. As
palavras da humildade são tão simples, tão mansas e tão pobres que, sem
esforço, encontram o caminho para o silêncio de Deus. Em realidade, são o eco
de seus silêncio, e, logo que são proferidas, o silêncio de Deus está nelas
presente."
Na liberdade da
solidão,
Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2014, pág. 71
15 setembro 2015
Mãe acolhedora

Minha vida toda deve mudar, mas como não posso fazer nada para muda-la por conta própria, eu a entrego com todas as necessidades e preocupações para ti. Apresente-me de mãos puras para teu Filho Divino. Reza que eu possa aceitar de bom grado tudo que for preciso para despojar-me de mim mesmo e tornar-me Seu verdadeiro discípulo, esquecendo a mim mesmo e amando Seu Reino, Sua verdade e todos aqueles que Ele veio a salvar pela Sua Santa Cruz. Amém.”
Diálogos com o Silêncio, Thomas Merton (Fissus, 2003), pág. 151
08 setembro 2015
Comunhão do silêncio
“A
vida solitária, silenciosa, dissipa a cortina de fumaça das palavras
que o homem insere entre sua mente e as coisas. Na solidão, permanecemos
frente a frente com o ser nu das coisas. No entanto, descobrimos que a
nudez da realidade, que temíamos, não é motivo de terror nem de
vergonha. Está envolta na amável comunhão do silêncio, e esse silêncio
está relacionado com o amor.”
Na liberdade da solidão, Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2014, pág. 68
Na liberdade da solidão, Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2014, pág. 68
31 agosto 2015
Amor à solidão
“Amar
a solidão e procurá-la não significa transportar-se de uma possibilidade
geográfica a outra. O homem torna-se solitário no momento em que, seja qual for
seu ambiente externo, toma, de repente, consciência de sua própria e
inalienável solidão e compreende que jamais será outra coisa senão um
solitário. Desde esse momento, a solidão não é apenas potencial – é atual.
Todavia,
a solidão real sempre nos coloca concretamente em presença de uma possibilidade
não realizada e até irrealizável de ‘perfeita solidão’. Mas isso tem de ser bem
compreendido; pois perdemos a realidade da solidão que já possuímos, se
tentamos com demasiada ansiedade realizar a possibilidade exterior maior, que
sempre nos parece, por um nada, fora de nosso alcance. A verdadeira solidão tem
como um de seus elementos integrantes a insatisfação e incerteza que nos vem do
fato de estarmos em face de uma possibilidade não realizada. Não é uma busca
frenética de possibilidades e sim uma humilde aceitação que nos estabiliza em
presença de uma enorme realidade que, em certo sentido, já possuímos, e que,
por outro lado, é uma ‘possibilidade’, um objeto de esperança.
Só
quando o solitário morre e vai para o céu é que vê com clareza que essa
possibilidade já estava atualizada em sua vida e ele não sabia pois sua solidão
consistia, sobretudo, na ‘possibilidade’ de possuir a Deus e nada mais senão
Deus, em pura esperança.”
Na liberdade da
solidão,
Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2014, pág. 65
24 agosto 2015
O início da sabedoria
"O
temor de Deus é o início da sabedoria. A
sabedoria é o conhecimento da Verdade em sua mais íntima realidade, a
experiência da Verdade, a que se chega pela retidão de nossa própria alma. A
sabedoria conhece a Deus em nós mesmos e nos conhece em Deus."
17 agosto 2015
Sede humildes e misericordiosos
"Minha
voz só é capaz de suscitar um eco sem vida, quando se faz ouvir para si mesma.
Nunca haverá em mim um despertar, se não for retirado das trevas por aquele que
é minha luz. Só aquele que é Vida é capaz de ressuscitar os mortos. E a não ser
que chame por mim, permaneço na morte e meu silêncio é o silêncio da morte."
"O
silêncio interior é impossível sem a misericórdia e a humildade."
Na liberdade da solidão, Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª edição, pág. 59 a 60
Na liberdade da solidão, Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª edição, pág. 59 a 60
10 agosto 2015
Sinos
"Os
sinos tem por finalidade lembrar-nos que Deus só é bom, que a ele pertencemos,
que não vivemos para este mundo. (...) Os sinos nos dizem que somos o
verdadeiro templo do Senhor. Chamam-nos à paz com ele no mais íntimo de nós
mesmos."
03 agosto 2015
Humildade
"A
humildade nos torna livres para fazermos o que é verdadeiramente bom,
mostrando-nos nossas ilusões e retirando nossa vontade daquilo que era apenas
um bem aparente.
Uma
humildade que gela o nosso ser e frustra toda sã atividade não é, de modo
algum, humildade, mas uma forma
disfarçada de orgulho. Seca as raízes da vida espiritual, tornando
impossível nossa entrega total a Deus."
Na liberdade da
solidão,
Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2014, pág. 53
27 julho 2015
A verdadeira pobreza
"A
pobreza significa ter necessidade. Fazer voto de pobreza e nunca passar
necessidade, nunca precisar de algo sem logo obtê-lo, é rir-se do Deus Vivo."
Na liberdade da solidão,Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2014, pág.50
22 julho 2015
Renunciar aos desejos para desejar o Único Verdadeiro
"Para
unificar nossa vida, unifiquemos nossos desejos. Para espiritualizar nossa
vida, espiritualizemos nossos desejos. Para espiritualizar nossos desejos,
desejemos não ter desejos. Viver no espírito é viver para Deus, em quem cremos
sem poder vê-lo. Desejar isso é, portanto, renunciar ao desejo de tudo que pode
ser visto. Possuir aquele que não pode ser compreendido é renunciar a tudo que
pode ser compreendido. Para repousar naquele que está para além de todo repouso
criado, renunciamos ao desejo de repousar nas coisas criadas."
Na liberdade da
solidão,
Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2014, pág. 47
14 julho 2015
Pobreza: esperar apenas em Deus
"Quanto mais felizes nos sentimos com nossa pobreza, tanto mais perto estaremos de Deus, porque, então, aceitamos em paz nossa pobreza, nada esperando de nós próprios e tudo esperando de Deus."
Na liberdade da solidão, Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2014, pág. 45
07 julho 2015
Oração contemplativa
"A
única coisa a procurar na oração contemplativa é Deus, e o procuramos com êxito
quando compreendemos que não o podemos encontrar se ele não se manifestar a nós
e que, no entanto, ele não nos inspiraria buscá-lo se não o houvéssemos já
encontrado."
Na liberdade da
solidão,
Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2014, pág. 44 e 45
29 junho 2015
A vida espiritual na prática
"Para
sermos espirituais, temos de permanecer homens. E, se isso não fosse
evidenciado em toda parte na teologia, o Mistério da Encarnação seria disso,
amplamente, uma prova. Por que Cristo se fez homem senão para salvar os homens
unindo-os misticamente a Deus por meio de sua Humanidade? Jesus viveu a vida
ordinária dos homens de seu tempo, a fim de santificar as vidas (ordinárias)
dos homens de todos os tempos. Se queremos, pois, ser espirituais, vamos em primeiro
lugar viver nossa própria vida. Não tenhamos medo das responsabilidades e
inevitáveis distrações inerentes à tarefa a nós confiada pela vontade de Deus.
Abracemos a realidade; assim nos encontraremos imersos na vontade vivificadora
e na sabedoria de Deus, que por toda a parte nos envolve.
Primeiramente,
certifiquemo-nos de que sabemos o que estamos fazendo. Só a fé pode dar-nos a
luz para vermos que a vontade do Senhor se acha em nossa vida cotidiana. Sem
essa luz, não podemos discernir o caminho certo, nem tomar as decisões exatas.
Para nos mantermos espiritualmente vivos, temos de renovar constantemente nossa
fé. Somos como pilotos de navios, imersos no nevoeiro, escrutando a escuridão
diante de nós, tentando ouvir o ruído de outros navios, e só podemos atingir o
porto se nos mantivermos alertas. A vida espiritual é, portanto, em primeiro
lugar, uma questão de estar desperto."
Na liberdade da
solidão,
Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2014, pág. 39 e 40
22 junho 2015
Vida espiritual
"A
vida espiritual é, antes de mais nada, uma vida.
Não
é apenas algo a ser conhecido e estudado; tem de ser vivido. Como toda vida,
definha e morre quando separada de seus elementos próprios. A Graça está
enxertada em nossa natureza e o homem todo está santificado pela presença e
ação do Espirito Santo. A vida espiritual não é, portanto, uma vida completamente
separada, desarraigada da condição humana e transplantada para o ambiente
angélico. Vivemos como criaturas espirituais quando vivemos como homens que
procuram a Deus."
Na liberdade da
solidão,
Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2014, pág. 39
15 junho 2015
Orgulho x humildade
"Que
significa conhecer e experimentar meu próprio “nada’?
Para
conhecer, de fato, nosso “nada”, temos também de amá-lo. Para amar nosso nada,
temos de amar em nós tudo que o orgulhoso ama quando se ama a si mesmo. Mas por
razões exatamente opostas. O homem orgulhoso ama-se a si mesmo porque acredita
ser digno de amor, respeito e veneração de si mesmo. Porque pensa que deve ser
amado por Deus e pelos homens. Porque se crê mais digno de ser honrado, amado e
reverenciado do que todos os outros homens.
O
homem humilde também se ama a si mesmo e procura ser amado e honrado, não
porque o amor e a honra lhe sejam devidos, e sim porque não lhe são devidos.
Procura ser amado pela misericórdia de Deus.
O
homem orgulhoso ama sua própria ilusão e autossuficiência. O homem
espiritualmente pobre ama precisamente a sua insuficiência. O orgulhoso exige
honras por possuir o que o que nenhum outro tem. O humilde roga ser admitido a
partilhar naquilo que todos os ouros receberam. Deseja, também ele, ser
repleto, até a plenitude, pela bondade e misericórdia de Deus."
Na liberdade da
solidão,
Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2014, pág. 37 e 38
12 junho 2015
08 junho 2015
Morno
"Não
há neutralidade entre gratidão e ingratidão. Os que não têm gratidão logo começam
a se queixar de tudo. Os que não amam odeiam. Na vida espiritual não existe
indiferença para com o amor ou o ódio (...). A tibieza, em que a alma não é nem
“quente nem fria” – nem ama nem odeia positivamente -, é um estado em que se
rejeita Deus e Sua vontade, embora mantendo a aparência exterior de amá-lo
(...). A gratidão, todavia, é mais do que um exercício mental, mais do que uma
formulação de palavras (...). Ser grato é reconhecer o amor de Deus em tudo que
Ele nos deu – e Ele nos deu tudo! (...) Quem é grato sabe que Deus é bom, não
porque o ouviu dizer, mas por experiência própria. E aí é que está toda a
diferença."
Na liberdade da
solidão,
Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2014, pág. 35 e 36
06 junho 2015
01 junho 2015
A prova do Amor de Deus
"A
Eucaristia – o Sacrifício de louvor e ação de graças – é um braseiro ardente do
conhecimento de Deus, pois, neste Sacrifício, Jesus, rendendo graças ao Pai, se
oferece e se imola inteiramente pela glória do Pai e para nos salvar de nossos
pecados."
Na liberdade da
solidão,
Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2014, pág. 35
26 maio 2015
Sacerdote para sempre
Um dos principais diários de Thomas Merton, O Signo de Jonas, relata a comoção de um neo sacerdote e de um 'mundo novo que acaba de nascer'.
29 DE MAIO DE 1949
O Signo de Jonas, Thomas Merton (Editora Mérito), 1954, pág. 221-222
![]() |
Thomas Merton (em primeiro plano) sendo ordenado sacerdote na Abadia Trapista de Gethsemani (Kentucky/EUA), em 26 de maio de 1949 |
29 DE MAIO DE 1949
"Nada pude escrever sobre a ordenação, sobre o ato de dizer a Missa,
sobre o 'agape' que durou três dias, sobre as pessoas que compareceram
para assistir à cerimônia. Talvez algum dia o consiga,
retrospectivamente, em fragmentos.
Sinto o trabalho sobremaneira tremendo que foi realizado em mim e através de mim, nos últimos três dias; cada dia com seu desenvolvimento. Ordenação, unção, Missa de ordenação - depois, a celebração da primeira Missa e o que se seguiu; finalmente, a Missa cantada de ontem e a conversa à tarde sob as árvores da alameda. Não fiquei apenas com a sensação de haver sido transformado. Sinto também que um novo mundo acaba de nascer, através dos trabalhos e da felicidade desses três dias exaustivos, repletos de coisas sublimes que nenhum de nós poderá entender nestes próximos dois anos."
Sinto o trabalho sobremaneira tremendo que foi realizado em mim e através de mim, nos últimos três dias; cada dia com seu desenvolvimento. Ordenação, unção, Missa de ordenação - depois, a celebração da primeira Missa e o que se seguiu; finalmente, a Missa cantada de ontem e a conversa à tarde sob as árvores da alameda. Não fiquei apenas com a sensação de haver sido transformado. Sinto também que um novo mundo acaba de nascer, através dos trabalhos e da felicidade desses três dias exaustivos, repletos de coisas sublimes que nenhum de nós poderá entender nestes próximos dois anos."
O Signo de Jonas, Thomas Merton (Editora Mérito), 1954, pág. 221-222
25 maio 2015
Ascese e esperança
"Um cristão é alguém que vive inteiramente fora de si mesmo e
em Cristo – vive na fé de sua Redenção, no amor a seu Redentor que nos amou e
por nós morreu. Vive, acima de tudo, na esperança do mundo vindouro.
A esperança é o segredo do verdadeiro ascetismo."
Na liberdade da solidão, Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2001, pág. 33
18 maio 2015
O verdadeiro valor do perdão
"Não sabemos perdoar verdadeiramente enquanto não tivermos
experimentado o que seja ser perdoado. Portanto devemos alegrar-nos de podermos
receber o perdão de nossos irmãos. É esse perdão mútuo que manifesta em nossa
vida o amor de Jesus por nós, pois, perdoando-nos mutuamente, agimos uns para
com os outros como Ele agiu para conosco."
Na liberdade da
solidão, Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2001, pág. 32
11 maio 2015
A nossa miséria
"Se soubermos como é grande o amor de Jesus por nós, nunca
teremos medo de ir a Ele em toda a nossa pobreza, toda a nossa fraqueza, toda a
nossa indigência espiritual e fragilidade. De fato, quando compreendermos o
verdadeiro sentido de seu amor por nós, haveremos de preferir vira a Ele pobres
e necessitados. Nunca nos envergonharemos de nossa miséria. A miséria é para
nós vantagem quando de nada precisamos a não ser de misericórdia."
Na liberdade da
solidão, Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2001, pág. 31
04 maio 2015
Vida espiritual
jardins de Itaici |
"Não há verdadeira vida espiritual fora do amor de Cristo.
Temos uma vida espiritual unicamente porque Ele nos ama. A vida espiritual
consiste em receber o dom do Espírito, e sua caridade, porque, em seu amor por
nós, o Sagrado Coração de Jesus determinou que vivêssemos por seu espírito – o mesmo
Espírito que procede do Verbo e do Pai e que é o amor de Jesus pelo Pai."
Na liberdade dasolidão, Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2001, pág. 31
27 abril 2015
O prazer de um ato bom
"Não há esperança para alguém que luta por obter uma virtude abstrata – uma qualidade de que não possui nenhuma experiência. Nunca poderá, eficazmente, preferir a virtude ao vício oposto, seja qual for o grau com que, aparentemente, despreza esse vício.
Todos possuem um desejo espontâneo de fazer coisas boas e de
evitar as más. No entanto, esse desejo é estéril enquanto não temos a
experiências do que significa ser bom.
O prazer de um ato bom é algo a ser relembrado, não para
alimentar nossa vaidade, mas para nos recordar que as ações virtuosas são não
somente possíveis e valiosas, mas pode tornar-se mais fáceis, mais cheias de
encanto e mais frutuosas do que os atos viciosos que a elas se opõem,
frustrando-as.
Uma falsa humildade não nos deve roubar o prazer da conquista,
que nos é devido, e mesmo necessário à nossa vida espiritual, sobretudo no
início.
É verdade que, mais tarde, podemos conservar ainda defeitos
que não conseguimos dominar – de maneira a termos a humildade de lutar contra
um adversário aparentemente invencível, sem sentirmos prazer algum pela
vitória.
Pois pode nos ser pedido renunciar até mesmo ao
prazer que sentimos ao fazer coisas boas, de maneira a termos a certeza de que
as realizamos por algo mais do que esse mesmo prazer. Mas antes de podermos
renunciar a esse prazer, temos de aceitá-lo. No início, o prazer vindo da
conquista de si mesmo é necessário. Não tenhamos medo de desejá-lo."
Na liberdade da solidão, Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2001, pág. 26 a 28
20 abril 2015
Autoconquista
"A verdadeira autoconquista é a conquista de nós mesmos, não
por nós, mas pelo Espírito Santo. A conquista de si próprio é, na realidade, a
entrega de si próprio.
Todavia, antes de podermos entregar-nos, é necessário
tornarmo-nos nós mesmos. Pois ninguém pode entregar o que não possui.
Digamos com maior precisão – temos de ter bastante domínio
sobre nós mesmos para renunciar à nossa vida nas mão de Cristo – de maneira que
ele possa conquistar aquilo que, por nossos próprios esforços, não podemos
alcançar.
Para conseguir o domínio de nós mesmos, temos
que estar de posse de um certo grau de confiança, de esperança na vitória. E,
para manter essa esperança viva, devemos, geralmente, ter saboreado a vitória.
Temos de saber o que é a vitória e preferi-la à derrota."
Na liberdade da solidão, Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2001, pág. 26
13 abril 2015
Vida espiritual não é vida mental
"Uma vida puramente mental pode ser causa de ruína, se nos leva a substituir a vida pelo pensamento e as ações pelas ideias"
Na liberdade da solidão, Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2001, pág. 24
06 abril 2015
Temperamento
"O temperamento não predestina um homem à santidade e outro à reprovação. Todos os temperamentos podem servir de material para a ruína ou a salvação. Temos de aprender a ver como nosso temperamento é um dom de Deus, um talento que devemos fazer valer até que Ele venha. Não importa até que ponto somos dotados de um temperamento difícil ou ingrato. Se fizermos bom uso do que temos, se disso nos utilizarmos para servir nossos bons desejos, podemos conseguir mais do que alguém que apenas serve seu temperamento em lugar de obriga-lo a servi-lo."
Na liberdade da solidão, Thomas Merton (Editora Vozes), 7ª Ed. 2001, pág. 20
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