27 setembro 2004

Contemplação

“ A contemplação é também a resposta a um chamado. Um chamado daquele que não tem voz e no entanto se faz ouvir em tudo que existe, e que, sobretudo, fala nas profundezas de nosso próprio ser, pois nós somos palavras dele. Mas somos palavras que existem para responder a ele, atendê-lo, fazer-lhe eco e mesmo, de certo modo, para estarem repletas dele, contê-lo e significá-lo. A contemplação é esse eco. É uma profunda ressonância no mais íntimo centro de nosso espírito, onde nossa própria vida perde sua voz específica e ecoa a majestade e a misericórdia daquele que é oculto mas Vivo. (…) É um despertar, uma iluminação, e a apreensão intuitiva, espantosa, com que o amor se certifica da intervenção criadora e dinâmica de Deus em nossa vida cotidiana. A contemplação, portanto, não “encontra” simplesmente uma idéia clara sobre Deus, confinando-o dentro dos limites dessa idéia, retendo-o como um prisioneiro a quem se pode sempre voltar. Pelo contrário, a contemplação é que é por ele arrebatada e transportada ao próprio domínio dele, seu mistério, sua liberdade.
New Seeds of Contemplation, de Thomas Merton
(New Directions; New York), 1972. p. 1 e 5.
No Brasil: Novas sementes de contemplação, (Editora Fissus, Rio de Janeiro), 2001. p. 11 e 13
Reflexões da semana de 27-09-2004

Um comentário:

Anônimo disse...

THOMAS MERTON fala que "A CONTEMPLAÇÃO É TAMBÉM A RESPOSTA A UM CHAMADO". O amor é assim: "UM CHAMADO", ao qual respondemos porque a atração é tão arrebatadora, que não temos força além desse status quo. Sentimo-nos envolvidos, ligados como um imã.
Tratando-se de uma pessoa idosa, que já provou e comprovou a realidade do amor na experiência de toda uma vida, o amor de Deus tem um sabor indiscritível e incomparável, porque é extra-dimensional e sacia como nenhum outro amor! Ao mesmo tempo que nos chama, individualmente, dentro do âmago mais íntimo da nossa alma, penetra silenciosamente com a meiguice quieta da sua presença, em algum lugar que até desconhecíamos possuir: alguma coisa parecida com um céu interior que se renova em Deus quando falamos com ele e o contemplamos em nós.
THOMAS MERTON fala também, em Deus- Verbo, como "PALAVRA".
Os nossos pensamentos na contemplação podem se assemelhar à caligrafia que faz a escrita desse momento precioso, doce e de imensa ternura, no qual grava e repercute dentro do nosso espírito, um pouco da sua "PALAVRA" principal: AMOR, no registro escrito e sonoro do seu " ECO" e da sua "RESSONÂNCIA"!
Anônima SF