Em que a contemplação tem a ver com a destruição? Em si mesmo, é claro que são realidades opostas. Acontece, entretanto, que Merton escreve em um tempo de dissonâncias. Tempo em que, para lembrar P. Valery, as civilizações passaram a saber que são mortais. Em quadra semelhante, sob pena de se alhear da comunidade dos homens, O contemplativo – que é seu autor - não se pode restringir a cuidar apenas de seu modo de vida. A destruição presente e/ou iminente que lá fora reina corrói não só os outros homens, como os impede de entender, nos justos termos, o significado da contemplação. Merton se encarrega então de refletir sobre os dois temas, ligando-os mediante um título aproximado. Ele praticamente assim demonstra sua concepção da contemplatividade. O ser contemplativo não se busca a si mesmo, a sua paz individual. Busca sim a Deus. E isso o obriga a encontrá-lO fora de sua segurança, lá fora onde o risco contra a fraternidade dos homens maior se faz. É dentro desta perspectiva que se entende o desenvolvimento da obra ora apresentada. Como terminantemente escreve Merton no prefácio: "Parece-me ser uma solene obrigação de consciência assumir, neste momento da história, as posições que são indicadas neste livro". Estas posições, ditadas pela coragem de sua autenticidade cristã, passam a ser expostas nas duas primeiras partes do livro. A primeira, em que Merton se volta diretamente para seu país, e nele analisa o problema da segregação racial. A segunda, em que seu alvo se faz mais amplo, embora nem por isso menos preciso: "A Diáspora". A ideia fundamental nela desenvolvida é a da presença e a do testemunho do cristão na época apocalíptica que nos foi dado viver.
O
livro conclui com uma fascinante apresentação da correspondência
mantida por Merton com pessoas de todas as partes do globo. Entre seus
correspondentes se incluem o pensador J. Maritain, o escritor brasileiro
Alceu de Amoroso Lima, o romancista negro James Baldwin, um poeta
cubano, o prefeito de Hiroshima, pessoas de mesma convicção religiosa,
como seminaristas espanhóis e de credos tão diversos como um quacker, um
rabino e um moslim.
Sementes
de Destruição é livro destinado a marcar época numa cristandade
disposta a se despojar de suas vestes imperiais, disposta a oferecer ao
mundo testemunho mais autêntico de sua verdadeira opção pelo homem.
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Há 2 reflexões extraídas do livro, neste blog:
Fuga mundi
De Merton a Martin: Uma canção profética
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Fuga mundi
De Merton a Martin: Uma canção profética
Um comentário:
Pensador do século XX admiravelmente comprometido com a verdade. Admiro profundamente o Pensamento de Thomas Merton.
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