Ofensiva de Paz é um livro diferente e
espantoso. Poderia parecer, pelo título, um repositório de apelos,
talvez patéticos, mais ou menos alegóricos, a favor de um adocicado
desarmamentismo. E não é nada disso. O desejo de que a harmonia se
instale entre os povos resulta mais, depois de sua leitura, da
perplexidade com que o leitor se encontra perante a ameaça da guerra
atômica, desvendada agora, pela primeira vez, por inteiro, diante de
seus olhos. Toda noticia de até hoje nos veio dos projeteis atômicos
sempre ocultam alguma coisa. E a palavra dos estadistas oferece, apesar
de tudo, uma esperança, a meio do possível conflito. Muita ilusão,
muito disfarce, que esta obra extingue.
Os autores, peritos em seus diversos ramos especializados, têm a coragem
e a caridade de apontar o nu e o cru da realidade. Dirão o tamanho da
tragédia. Que segurança prometem os abrigos de que se fala. Que
sucederá à volta do agrupamento familiar, insulado no mar imenso do
pavor. Estudarão consequências e problemas de todos os tipos ligados,
direta ou indiretamente, à explosão nuclear.
Nem as questões morais ficaram de fora. As terríveis questões morais,
surgidas do limite em que o homem acossado se aproximará da fera.
Por certo, você se achará a perturbar-se diante desta pergunta, de que
jamais suspeitou, mas que se torna atual e perfeitamente plausível:
poderia eu matar o meu próximo se, procurando salvar-se da catástrofe,
tentasse disputar comigo a única proteção, apenas bastante para a minha
mulher e os meus filhos? Ninguém voltará a última página, sem se sentir
abalado, sem mergulhar em muita meditação. Sem se interrogar sobre o
destino que o Homem para si constrói. Sem se sentir atraído para uma
Ofensiva da Paz.
Tradução de Alceu de Amoroso Lima
Livro raríssimo. Pode ser encontrado nas bibliotecas dos Mosteiros e Institutos Religiosos.
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